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A economia e o populismo


Argemiro Luís Brum

A estabilidade econômica nunca funcionou em sistemas políticos populistas, particularmente quando estes são irresponsáveis. No curto prazo, tal sistema passa a ilusão de ser o melhor, porém, a conta acaba recaindo sobre a população, mais dia menos dia. Geralmente, para a geração seguinte àquela que alimentou os regimes populistas. Neste momento, três principais exemplos na América do Sul confirmam a lógica: Argentina, Bolívia e Venezuela. Mesmo o Brasil, em determinadas situações, demonstra uma tendência neste sentido, embora a mesma não seja hegemônica. Por enquanto, diante de um ambiente externo de enorme liquidez, passa quase despercebido o fato de termos estabelecido como meta inflacionária 4,5% para 2008 e 2009, com dois pontos percentuais de margem para mais ou para menos. Todavia, as análises econômicas de longo prazo indicam que o ideal seria perseguir uma meta de 4% anual. Isto porque a liquidez mundial deverá reverter a qualquer momento e o país não fez as reformas econômicas tão necessárias, a começar pelo Estado. Mas a situação é muito pior nos vizinhos acima citados. A Venezuela já vive um modelo ditatorial, onde o culto à personalidade é a tônica, procurando influir no restante do Continente. Tal modelo, que coloca paulatinamente a economia local em dificuldades, está calcado na renda petrolífera, graças aos altos preços do petróleo no mercado mundial. Não há nenhum planejamento de longo prazo em vistas a uma reversão nestes ganhos, que fatalmente irá ocorrer num futuro não muito distante. Não é por nada que, juntamente com Cuba, o governo Chávez se posiciona contra os biocombustíveis, atacando o Brasil e sua parceria com os EUA. Na Bolívia, país fantoche da Venezuela, a situação é pior a partir da nacionalização do gás.

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