CI

A realidade na geração de empregos


Argemiro Luís Brum

No contexto de uma pandemia ainda indefinida, a economia nacional parece entrar em novo patamar. Um dos sinalizadores é a geração de empregos. No país temos dois “medidores” para isso: o Caged e a Pnad Contínua. O primeiro, insuficiente, considera apenas o registro permanente de admissões e dispensa de empregados, sob o regime da Consolidação das Leis do Trabalho – CLT. O segundo leva em consideração os informais, desalentados e outros segmentos, portanto, mais completo. Pelo Caged, no primeiro trimestre do ano, o país gerou 837.074 postos de trabalho, fato que fez o governo apontar que, para o mês de março, seria o melhor resultado da série iniciada em 1992. Essa última informação não é verdadeira. Isso porque o Caged mudou a metodologia da pesquisa recentemente, passando a usar o e-Social como fonte de dados e não mais a Rais. Portanto, houve uma quebra de série, com outra base de dados, e isso não permite comparações. Tomemos, então, os cálculos do IBGE (Pnad Contínua) como referência. Ela indica que temos ainda 14,4% da população ativa desempregada (trimestre dezembro-fevereiro), sendo este o maior contingente da série, iniciada em 2012. O nível de ocupação continua em 48,6%, sendo que a categoria de trabalhadores por conta própria (especialmente as MEIs) chega a 23,7 milhões de pessoas, em parte justamente por não conseguirem outro emprego. Os trabalhadores do setor privado, com carteira assinada, somam 29,7 milhões de pessoas. Em comparação com o mesmo trimestre de 2020 (antes do estouro da pandemia) houve um recuo de 11,7%. Além disso, o Brasil tem 6 milhões de pessoas que desistiram de procurar emprego por não o encontrar, com crescimento de 26,8% ante o mesmo período de 2020. Temos outros 39,6%, da população ocupada, na informalidade, contra 40,6% um ano antes, confirmando que o emprego se precarizou no país, o que é óbvio diante da pandemia, e ainda continua muito ruim. Enfim, o rendimento médio do brasileiro que trabalha recuou 7,4% em comparação com o mesmo período do ano passado, com redução de R$ 16,8 bilhões na massa de rendimentos no país, o que impacta no consumo. E tais dados ainda não consideram os efeitos desta nova onda da pandemia, que nos atingiu a partir do final de fevereiro deste ano.
 

Assine a nossa newsletter e receba nossas notícias e informações direto no seu email

Usamos cookies para armazenar informações sobre como você usa o site para tornar sua experiência personalizada. Leia os nossos Termos de Uso e a Privacidade.