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Alternativas para a busca do desenvolvimento sustentável no setor de produção vegetal


Gilberto Ken-Iti Yokomizo

A maior parte das modificações existentes na natureza são decorrentes de ações antrópicas em reflexo das necessidades de conforto, pois o homem urbano moderno precisa de fatores diversos para se sentir bem que devem ser obtidas de alguma forma, geralmente de origem primária da natureza.

Neste contexto a sustentabilidade ambiental que tanto é buscada com base numa simplicidade teórica, passa compor um espectro muito mais complexo do que é apresentado, pois é contraditório suprir as necessidades diárias atuais de um homem urbano baseado em modelos que suportam um estilo de vida com muitas “limitações”, para atingir os objetivos de sustentabilidade em modelos simplórios teríamos que viver semelhantemente aos indígenas, caso não haja adaptação a este estilo de vida, infelizmente inicia-se inconscientemente em muitas vezes as alterações ambientais.

O extrativismo puro de um único ou de poucos produtos com raras exceções não é capaz de manter a sustentabilidade, pois poderá ser atingido um patamar onde ocorre a exaustão da espécie, perdendo-se indivíduos e com isso gerando um desequilíbrio ecológico.

Um fato muitas vezes pouco discutida é a sazonalidade da produção quando é adotado uma exploração baseada em poucas espécies numa localidade, gerando problemas sociais nas épocas onde não existe alguma espécie frutificando, sendo convenientes a existência de pelo menos duas espécies produzindo em cada mês, garantindo uma renda ao pequeno agricultor ou extrativista.

Rapidamente, quais alternativas teríamos para gerar alterações mínimas no meio ambiente e gerar uma sustentabilidade, com a existência de um produto pelo menos durante o ano inteiro?

Como primeira alternativa pode-se recomendar a implantação de sistemas agroflorestais (SAF’s), visando incluir espécies que possam satisfazer as necessidades do homem atual, pois na maioria das condições o ambiente natural não tem capacidade suporte suficiente, então com a implantação deste sistema haverá o aproveitamento dos diversos estratos ecológicos para produção que serão convertidos em recursos monetários com o mínimo de impacto ambiental.

Uma segunda alternativa seria o enriquecimento das espécies úteis existentes na área, mas que apresentam produção insuficiente, ou seja um aumento no número de indivíduos, através da formação e plantio de mudas, gerando maior quantidade de excedente de produção, elevando os níveis econômicos regionais.

A terceira alternativa seria o uso de áreas não contínuas de plantio agrícola, ou seja realizar a formação de pequenos “bolsões ou ilhas”, não causando alterações ecológicas em grande escala e mantendo com isso a maior parte da vegetação nativa.

A quarta alternativa não seria propriamente a sustentabilidade em si de um local, mas seria a recuperação de áreas degradadas já existentes e em grande quantidade na região amazônica, diminuindo a necessidade de abertura de novas áreas para a instalação da agricultura migratória, reincorporando ao sistema produtivo e com isso gerando produção agrícola, sem alterar o ambiente por novas derrubadas, nestas áreas seriam realizadas atividades agrícolas que possibilitem a sobrevivência do pequeno agricultor ou extrativista, .

Uma alternativa que vem recebendo maiores atenções e que demonstra ter grande potencial é o manejo de espécies madeireiras pelo aproveitamento racional e baixo impacto ecológico, gerando sustentabilidade, mas que deve ser realizado apenas após estudo criterioso no local, identificando as espécies e indivíduos que poderão ser retiradas e em que momento, caso contrário poderá causar a extinção da espécie nesta localidade.

Um procedimento mais complexo e demorado seria a domesticação de espécies selvagens com potencial econômico, visando a produção de frutos, madeira, princípios ativos diversos, resinas entre outros diversos, que poderão ser extraídos dos vegetais. Uma limitação é que envolve um período longo para obtenção de resultados e um rigor científico alto, mas que tem grande potencial na região amazônica.

Resumidamente estas seriam algumas alternativas que poderiam ser implantadas de forma individual ou em conjunto, não existindo um modelo fixo, devendo cada localidade verificar a que melhor pode ser adotada, buscando uma produção adequada com menores impactos ambientais possíveis.

Sendo que uma discussão ampla, verificando outras possibilidades devem sempre ser ponderadas, visando o benefício das populações locais, não se esquecendo porém dos aspectos ecológicos.

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