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As bolsas e a economia real


Argemiro Luís Brum

A crise do setor imobiliário nos EUA vem provocando uma forte correção no sistema bursátil mundial. Estamos diante de uma correção anunciada, que vem provocando fortes quedas nos índices das diferentes bolsas de valores do mundo, perdas consideráveis nos ganhos fáceis acumulados nos últimos meses e reflexos imediatos sobre as economias emergentes. E o processo ainda pode estar apenas no começo, pois a situação é muito séria. Os principais bancos centrais do mundo já tiveram que injetar cerca de US$ 370 bilhões no sistema bancário mundial para impedir conseqüências maiores e mais imediatas. No Brasil, tal realidade provocou uma forte queda no Ibovespa, índice que mede o comportamento das ações na Bolsa de Valores de São Paulo. O mesmo chegou, neste momento, ao redor dos 50.000 pontos, situação que não se via desde a segunda quinzena de maio passado. Com isso, notou-se rapidamente, como era esperado, que o Brasil continua sendo um país emergente que inspira cuidados, apesar de sua saúde econômico-financeira estar bem melhor nestes últimos 13 anos. Imediatamente, assistimos a uma saída de dólares do país e a uma redução na entrada de novos recursos. Ou seja, o capital especulativo, que fez a festa das Bolsas nestes últimos tempos, recua e busca paragens mais seguras. O resultado é uma inflexão em nossa taxa cambial, com o real voltando a se desvalorizar, após meses de constantes valorizações, se aproximando novamente dos R$ 2,00 por dólar. Isto favorece ao setor exportador, caso da soja, que passa a receber mais reais em cada dólar vendido ao exterior. A questão maior está em se detectar até quando este movimento de correção bursátil continuará e se o Brasil terá condições de enfrentá-lo sem maiores sobressaltos em sua base econômica.

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