Certa vez, Lya Luft escreveu em seu texto intitulado – Baile de Máscaras – a seguinte frase: “a vida é em parte um baile de máscaras com as quais nos seduzimos uns aos outros, e nos enganamos diante do espelho.”
O texto se referia ao auto-engano, às faces que usamos para parecermos sempre bem diante das pessoas, embora enfrentemos diversos problemas na família, financeiros, no país. Lendo o texto, fiquei imediatamente tentado – como se estivesse em um teatro e pudesse interagir com a escritora – a propor a discussão sobre outras máscaras que freqüentemente usamos a fim, não de parecermos bem, mas de agradar os outros em todas as situações.
Parece-me que paira sobre nós, em diversas ocasiões, o sentimento de impotência diante de pessoas ou de momentos, em que não conseguimos expor realmente quem somos, seja por prudência ou por covardia. A sociedade exige que sejamos, a cada dia, mais perfeitos. Bem sucedidos, bem casados, financeiramente resolvidos, com boa aparência, bem educados, bem formados, calmos, equilibrados, experientes, enfim, indivíduos com qualidades infinitas.
Assim, somos encurralados e ficamos prisioneiros de nossas fraquezas humanas, desencorajados pelo politicamente correto e pelo receio de perdermos nossa fachada de diplomáticos expondo nossa mais genuína arrogância, rebeldia, crueldade, ignorância, auto-suficiência.
O problema é que com isso estamos nos tornando pessoas impacientes, tristes, depressivas com a única e exclusiva finalidade de comprarmos a amizade do outro, de nos mantermos empregados, de mantermos nossos clientes, de salvarmos o casamento, de conseguirmos laços familiares razoáveis, resumindo, de sermos aceitos ou do receio de não sermos aceitos.
“...somos muitos em casa, no trabalho, na postura de vida...” diz o texto de Lya Luft. Entretanto, sempre me pergunto: será que vale a pena? Será que o preço que pagamos não está alto demais? Será que não somos capazes de interromper esse ciclo?
