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Balança comercial: saldo positivo recua mais


Argemiro Luís Brum
Passada a primeira quinzena de junho e, portanto, fechados quase seis meses de comércio exterior, a balança comercial brasileira, continuando sua tendência negativa neste ano de 2010, registra uma redução ainda maior em seu saldo em relação aos números dos quatro primeiros meses do ano.
Nesse momento, a situação pode ser assim resumida: até o dia 13/06 inclusive, as exportações somavam US$ 79,06 bilhões (+28,5% sobre o mesmo período do ano anterior); as importações chegavam a US$ 72,47 bilhões (+44,2% sobre 2009); e o saldo comercial no período atingia a US$ 6,59 bilhões (-41,4% sobre 2009).
Assim, apesar dos valores acumulados no comércio terem subido significativamente, resultante de um melhor desempenho da economia mundial após o auge da crise em 2009, o saldo final é desastroso, com um recuo de quase 50%. Aliás, o saldo médio diário de junho/10, em relação ao mesmo mês de 2009, recuou em 44,2%. Em relação aos primeiros 15 dias de maio passado, o referido saldo médio perdeu 25,4%.
Esse comportamento demonstra que o efeito cambial vem penalizando fortemente nossa balança comercial neste ano, com as importações crescendo muito em relação a um desempenho menos vigoroso das exportações. Isso representa igualmente que o mundo ainda não se recuperou da crise econômico-financeira na mesma proporção do estímulo ao consumo que o Brasil vem sustentando.
Nestas condições, no final do ano teremos um resultado negativo na balança de transações correntes, fato que nos levará a retirar dólares das reservas para equilibrar o balanço de pagamentos.
Os desafios do leite
Produto desenvolvido para ser uma alternativa de diversificação ao binômio trigo-soja no sul do Brasil, o leite vem ganhando espaço importante no mercado nacional. Com uma produção total ao redor de 3,3 bilhões de litros anuais, o Rio Grande do Sul continua representando hoje entre 10% a 12% da produção nacional.
Todavia, os novos projetos industriais que surgem no Estado demandam uma produção 70% maior do que a existente no momento. Portanto, estamos diante de um mercado em crescimento para os próximos anos, se considerarmos o lado da demanda. Nesse ano, inclusive, os preços médios ao produtor gaúcho melhoraram significativamente a partir de abril.
Nessa metade de junho, o litro ao produtor está sendo pago, em média, a R$ 0,64, sendo que em determinadas regiões e dependendo da qualidade do produto, tal preço se aproxima de R$ 0,80. Há um ano o preço médio era de R$ 0,59/litro e há dois anos valia R$ 0,65/litro.
Ou seja, apesar da recuperação, os preços se mantêm dentro de um padrão histórico, fato que coloca o valor real do produto (desconsiderando a inflação) em queda. Para melhorar tal quadro, segundo o recente Fórum Nacional de Lácteos, o país precisa investir em produtividade e redução dos custos. Hoje, o preço médio apenas empata com o custo de produção, estimado pelo Sindilat em R$ 0,65/litro.
Ou seja, assim como o lado da transformação vem crescendo e demandando mais produto, o lado dos produtores precisa aumentar sua qualificação, para se manter no mercado e continuar servindo como elemento de diversificação e um componente a mais na formação da renda da propriedade rural. Para se ter uma ideia do desafio existente, enquanto a produtividade média por vaca, no Rio Grande do Sul, alcança apenas 6 litros/dia, na Argentina e no Uruguai tal média chega a 25 litros/dia, fato que reduz o custo de produção para R$ 0,45/litro.
Dito de outra forma, o leite é um produto importante de diversificação para as pequenas e médias propriedades rurais, que encontra um mercado nacional em crescimento e com grande potencial de consumo, porém, deve ser produzido dentro de um contexto de eficiência que o viabilize diante das condições existentes no mercado.
Bolsa de valores: o quadro continua negativo
O ganho acumulado pela Bovespa neste ano de 2010, até o dia 17 de junho, continua decepcionante. Após registrar mais de 82% de ganhos em 2009, a correção de tamanha especulação se mostra dolorida.
Assim, passados quase seis meses, o rendimento acumulado no ano, pela Bovespa, continua negativo, ficando em -5,6% até a data indicada acima. Esse comportamento, todavia, não é privilégio apenas do Brasil. Em países onde a crise ainda se mostra mais aguda, a situação é pior.
É o caso da Espanha, que está no olho da crise europeia, cuja Bolsa de Valores registra uma perda de 16,8% em meados de junho. No Japão as perdas ultrapassam 3% e na Inglaterra um pouco mais de 1%. E as Bolsas mundiais que registram índices positivos, não os têm de forma muito significativa. Wall Street, por exemplo, registra um ganho acumulado no ano de apenas 1,1%, enquanto na Alemanha o ganho atinge 3,9%.
Ou seja, o capital especulativo está bem mais arredio ao jogo bursátil, sentindo que os efeitos da nova etapa da crise mundial, agora representada pela crise fiscal dos países, tende a ser de difícil solução, podendo durar ainda muito tempo.

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