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Biossegurança de transgênicos: vitória da CTNBio


Reginaldo Minaré
No livro - A cidade e as serras -, de Eça de Queirós, Jacinto, procurando demonstrar a relevância do conhecimento e da técnica argumenta, com Zé Fernandes, que de onde estão, com os olhos que receberam da natureza, poderiam apenas distinguir, olhando para a avenida, uma vidraça alumiada. Entretanto, continua Jacinto, usando o binóculo poderei ver, por trás da vidraça, presuntos, queijos e boiões de geléias, concluir se tratar de uma mercearia e ter uma vantagem positiva sobre quem não dispõe de um binóculo.
A outra fórmula não recorreu o deputado do Parlamento Europeu Justas Vincas Paleckis, representante da Lituânia e membro do Grupo Socialista no Parlamento, para construir o argumento e afirmar, neste mês de fevereiro de 2009, que nos países onde os Organismos Geneticamente Modificados – OGM são bem conhecidos, a oposição aos OGM é pequena. Mas nos países onde apenas 15 ou 20% conhecem bem os OGM, as pessoas opõem-se muito a essa questão. As pessoas não conhecem e têm muitos receios sobre algo que é incompreensível.
Efetivamente, o eurodeputado aborda uma questão fundamental para a construção de um ambiente realista, lúcido e adequado à realização de um debate relacionado ao desenvolvimento e uso de qualquer transgênico, seja planta, animal ou microrganismo.
O que aconteceu no Brasil ao longo da última década, especialmente no que diz respeito à soja transgênica, é um exemplo que ilustra e confirma o quanto o desconhecimento sobre um produto dificulta o debate, permite a sobrevivência de argumentos negativos infundados e prejudica o setor interessado. Em 1998, a Comissão Técnica Nacional de Biossegurança – CTNBio, concluiu não haver nenhuma evidência de risco ambiental ou de risco à saúde humana ou animal, decorrentes da utilização da soja geneticamete modificada tolerante ao herbicida Glifosate.
Mesmo diante do entendimento firmado pela CTNBio e, também, de posições semelhantes de instituições responsáveis pela avaliação de transgênicos em outros países, movimentos contrários aos transgênicos, motivados por interesses geralmente pouco confessáveis, insistiram no argumento de que não se tinha nenhuma segurança dos efeitos da soja sobre a saúde das pessoas, sobre o meio ambiente e, inclusive, para a saúde dos agricultores que trabalham com sementes geneticamente modificadas.
O tempo passou e se encarregou de demonstrar que o argumento da CTNBio e das instituições que referendaram a segurança da soja transgênica em outros países continha e ainda contém a melhor e mais acertada fundamentação. Certamente, os argumentos dessas instituições sobreviveram aos ataques especulativos por se tratarem de entendimentos firmados por quem efetivamente conhece como é construído e como se comporta um OGM. Portanto, foram fundamentados com elementos sólidos oriundos daquela "vantagem positiva" que, segundo Eça de Queirós, tem aquele que, lançando mão dos instrumentos fornecidos pelo conhecimento, consegue ver com mais clareza, mais longe e com exatidão.
Certamente o tempo se encarregará de demonstrar, e breve, que os argumentos contrários ao uso dos eventos de transformação genética de algodão, milho e vacinas já avaliados e aprovados para uso pela CTNBio, que vêm sendo propalados pelos remanescentes do grupo que atuou contra a aprovação e uso da soja geneticamente modificada, novamente nada contêm de sólido, de proveitoso, de inteligente.
 
 

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