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Bndes x Selic


Argemiro Luís Brum

No bojo da polêmica dos juros altos no Brasil, a partir da postura do Banco Central em manter a taxa Selic em 13,75% anuais, é preciso esclarecer alguns pontos. O Banco Central brasileiro, agora, é autônomo e mudar isso é um erro. Graças a sua autonomia o Bacen não cedeu diante dos arroubos “gastadores” do governo anterior, na busca pela reeleição, assim como não está cedendo à pressão “gastadora” do atual governo. Seu rígido controle monetário, em um ambiente de crise fiscal, mesmo que questionada por alguns, não permite ignorar que temos pressões inflacionárias ainda importantes, provocadas justamente pela situação fiscal.

Obviamente, logo adiante será preciso equilibrar combate à inflação e estímulo ao crescimento econômico, ou seja, reduzir o juro básico a níveis compatíveis com as necessidades de crescimento econômico nacional. Portanto, arroubos populistas contra o Banco Central em nada ajudam o processo. Além disso, o câmbio está bastante calmo nos últimos meses, e em níveis aceitáveis, graças também à ação do Banco Central. Colocar em risco suas funções provoca desvalorização do Real a qual, na sequência, provoca alta da inflação, via encarecimento dos produtos importados e também via a melhoria dos preços de exportação, os quais acabam sendo repassados ao mercado interno.

Soma-se a isso a postura do governo em novamente utilizar o BNDES como indutor do crescimento econômico (o que está correto, desde que o dinheiro seja bem utilizado), porém, via subsídios elevados (o que é questionável). Se tais ações resultarem em muito dinheiro posto no mercado (lembrando que o novo presidente do Banco – Aloísio Mercadante – é desenvolvimentista via intervenção estatal), o risco é grande de haver mais inflação, fato que obrigará o Banco Central a aumentar a Selic. Ou seja, se o governo não cuidar na dose do remédio que busca recuperar a economia, o efeito poderá ser inverso. Dito de outra maneira, “o tamanho do volume de crédito subsidiado, ou seja, emprestado a um custo menor do que os juros praticados no mercado, altera o alcance da política monetária”, concentrada hoje no uso da Selic para conter a alta dos preços. Haddad já mostrou que sabe disso. Resta conter os arroubos do Presidente da República e esperar que o Banco Central não ceda.

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