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A importância dos corretivos e fertilizantes no manejo agronômico de lavouras


Fabio Torres

A necessidade por investimento no solo para sua correção e manutenção dos níveis de fertilidade do solo é elevada. A baixa fertilidade natural dos nossos solos aliado a outras questões químicas como acidez é na prática a realidade vivida pelo agricultor na hora de implantar uma lavoura. Estabelecer lavouras em solo sem correção adequada acarreta, na maioria dos casos, em prejuízos à colheita.

            O grau de importância dos corretivos e fertilizantes é estabelecido em primeiro lugar pela sua necessidade. A relação direta entre o potencial produtivo de uma lavoura e os níveis de fertilidade do solo indica a atenção que estes insumos devem receber. Os níveis de fertilidade de um solo são estabelecidos, em parte, pela forma de manejar estes insumos. Os fertilizantes ganharam ultimamente uma dimensão maior dentro do pacote tecnológico da agricultura em razão dos elevados preços praticados pelas indústrias. O custo dos corretivos e dos fertilizantes participarão ainda mais do custo total de implantação de uma lavoura subtendendo ainda mais sua importância nos valores investidos nesta fatia do agronegócio.

Buscando entendimento sobre questões vividas na prática pelo agricultor devemos planejar os investimentos em corretivos e fertilizantes direcionando-os para dois caminhos:

A)    O início da atividade objetiva construir a fertilidade do solo e o segundo passo é a manutenção desta fertilidade. A construção da fertilidade é dispendiosa, lenta e visa suprir o solo em quantidade de nutrientes. Devemos neste passo, pensar em corrigir a acidez por meio de calagem e estabelecer o perfil do solo em profundidade, por meio da gessagem. Dentro deste contexto a fosfatagem corretiva também faz parte desta construção. As doses recomendadas de calcário, gesso e fosfatagem, nesta etapa, são elevados e nem sempre os resultados em produtividade são compatíveis com os investimentos. Mas por outro lado sem esta estratégia bem definida o tempo necessário para se construir esta fertilidade poderá ser bem maior que o planejado.

B)           A segunda etapa, que é a de manutenção da fertilidade, deve ser planejada visando equilibrar os nutrientes procurando a interação destes junto aos processos químicos, físicos e biológicos do solo. Nesta fase, o objetivo é ajustar os teores dos nutrientes em um nível ótimo no solo bem com adequar suas relações dentro dos valores ideais. As doses recomendadas de corretivos e fertilizantes para a manutenção desta fertilidade não são elevadas e as condições para a lavoura expressar seu potencial produtivo são maiores. Também priorizar rotação de cultura e a cobertura do solo pelo manejo da palhada é primordial, contribuindo com a estrutura organomineral do solo que por conseqüência interferindo positivamente sobre a eficiência dos investimentos em corretivos e fertilizantes.

 

            Para tentar facilitar ao agricultor sua tomada de decisão algumas características destes insumos devem ser ressaltados. Quanto ao tipo do calcário a ser recomendado:

A)     relação ideal Ca/Mg no solo e na planta. Os tipos de calcário disponíveis no mercado são o dolomítco e o calcítico. Saber suas características químicas e físicas como o teor de Ca e de Mg, o PRNT e o PN é necessário ao direcionamento dos investimentos.  Para dosar a quantidade de calcário é necessário saber qual a saturação de base (V%) ideal para a lavoura a ser implantada e para alguns casos estabelecer o teor ótimo de Ca e de Mg no solo que se objetiva alcançar.

 

B)    Quanto à gessagem (fonte de S e Ca) esta pratica tem sido utilizada com sucesso pois além do fornecimento de Ca e Mg promove um maior aprofundamento do sistema radicular podendo minimizar os prejuízos ocasionados por veranico. Para dosar a quantidade de calcário e de gesso devemos relacionar o teor de argila do solo para estabelecer a recomendação. Como os aspectos químicos da acidez do solo (calcário) e do enxofre (gesso) se interagem com a argila, faz-se necessário utilizar desta medida para dosar com mais precisão o calcário e o gesso. Para podermos decidir sobre a necessidade de aplicação de gesso é fundamental a amostragem de solo em profundidade (20 a 40 cm) para então avaliar os níveis de Ca e de S nestas condições.

 

C)    Correção do solo com o fosfato. Existem no mercado alguns tipos de fosfato e os mais comumente utilizados são fosfatos reativo e os fosfatos de maior solubilidade. O fósforo que é o nutriente contido no fosfato sofre um processo complexo, quase irreversível, de fixação as argilas do solo. Esta fixação pelas argilas implica numa baixa taxa de recuperação pelas raízes das plantas dos fosfatos aplicados. Frente a este comportamento o fósforo deve ser entendido como nutriente de dinâmica complexa. Requer maior investigação sobre as características químicas e físicas do solo para balizar os seus investimentos.

 

Dentre os macros e micronutrientes mais exigidos pelas culturas estão N, P, K, Ca, Mg, S, B, Zn, Cu, Mn, Fe, Mo e Co. Os nutrientes fornecidos ao solo pelo calcário, gesso e o fosfato são respectivamente Ca, Mg, S e P. No caso do nitrogênio este também apresenta uma dinâmica no solo bastante complexa. As fontes de N comumente utilizadas são uréia e sulfato de amônio.

                        Ao comentar sobre o potássio este parece ser mais simples ao entendimento porém vale ressaltar que todos os nutrientes apresentam o mesmo grau de importância para as plantas, o que varia são as quantidades requeridas por esta. A fonte de K é o cloreto de potássio que são os grânulos vermelhos dos fertilizantes. Para solos mais argilosos aplicá-lo a lanço em pré-plantio e em solos arenosos em pós plantio.

            Quanto aos micronutrientes uma ferramenta para auxiliar os técnicos sobre o direcionamento dos investimentos é a análise foliar. Junto com a análise de solo, a análise foliar de uma lavoura é ferramenta que traz informações sobre os níveis nutricionais dos micros podendo favorecer a tomada de decisão e aumentar a relação custo/benefício dos investimentos. As informações sobre as exigências nutricionais de uma cultura são de fácil acesso e utilizadas cada vez mais pelos técnicos para ajustar programas de adubação. Um exemplo sobre indicação na utilização de micronutrientes pela pesquisa é o tratamento de semente de soja com molibdênio e cobalto. Outra forma de aplicação dos micros é a foliar. No mercado as fontes dos micros são os sulfatos, cloretos e quelatos.No entanto uma saída para definir qual fonte de micro utilizar é realizar áreas teste na propriedade e avaliar o desempenho do tratamento.

            A utilização dos micronutrientes nas formulações NPK dos fertilizantes tem corrigido, a médio prazo, as deficiências destes no solo. Cada lavoura tem uma exigência específica por determinado micro sendo assim além de aplicarmos os micros junto as formulações NPK devemos fazer aplicação extra em quantidades maiores afim de suprir a demanda nutricional da lavoura. Também as aplicações especificas e pontuais de micronutrientes foliar corrige deficiências bem como atende a demanda da planta em seus momentos de alta exigência nutricional.

            O equilíbrio nutricional no solo e consequentemente na planta é o auge de um programa nutricional e resulta, quase sempre, em produtividades elevadas. Para atingirmos este equilíbrio devemos respeitar a porcentagem ideal de Ca, Mg e K na CTC do solo. Sabermos de antemão o teor de argila do solo é fundamental para estabelecer o teor ótimo necessário de P e S no solo. O teor de matéria orgânica ideal varia em função do teor de argila do solo. O teor ótimo do nutriente no solo varia com as exigências nutricionais de cada cultura.

             Apesar da complexidade envolvendo a fertilidade do solo ajustar pontos fundamentais como calagem, gessagem e a fosfatagem representa passo importante envolvendo a nutrição de lavouras. Atentar sobre a forma de manejar a matéria orgânica favorecendo técnicas como a rotação de cultura, aporte de palhada e o plantio direto são alternativas de manejo que contribuem com o sistema solo-planta-raiz.A matéria orgânica do solo disponibiliza N as plantas, minimiza as perdas de K por lixiviação e além de outros fornece P orgânico às plantas. Também na parte física do solo a matéria orgânica é um agente agregante ou seja une partículas dispersas de argilas oriundas de calagem, aragens e gradagens sucessivas no solo.

O que parece claro nas questões apresentadas é que a tomada de decisão sobre os investimentos em fertilizantes deve ser embasada por conhecimentos teóricos e práticos. E que existem uma série de precauções que devem ser tomadas antes de qualquer investimento e parece não deixar duvidas que o acompanhamento técnico de pessoas ligadas neste setor é imprescindível. Uma das maneiras de minimizar as chances de insucesso nos programas de adubação é ser o mais investigativo possível e para isto a análise de solo e foliar são ferramentas indispensáveis. Esta forma de direcionar os programas de adubação denomina-se monitoramento nutricional. O monitoramento nutricional são os procedimentos adotados para a coleta das amostras e posterior interpretação das análises seguindo uma estratégia investigativa. Os resultados do monitoramento nutricional são ajustes aos programas de adubação que favorecem a tomada de decisão aumentando a chance em ganhos na produção.

            O manejo do solo envolve mais que a aplicação dos corretivos e fertilizantes e as mudanças que ocorrem na natureza do solo devem ser bem avaliadas. Uma das riquezas maiores existente no Brasil são a alta capacidade de produção existentes em função das características do solo, topografia, clima e localização geográfica. Está provado que a capacidade produtiva é ilimitada mas não vale a pena obtê-la a qualquer custo. Uma produção sustentada envolvendo o respeito às reservas ambientais, a preservação dos rios, nascentes e animais silvestres deve ser atenção de todos envolvidos com a terra.

             Para os produtores que desejarem existem modelos matemáticos denominados Sistemas de Interpretação de Análise de Solo para a Recomendação de Corretivos e Fertilizantes. A utilização destes sistemas dentro dos programas de adubação só fora possível com o advento do computador. O computador insere dois fatores necessários ao desenvolvimento deste trabalho que são a rapidez nos cálculos e a capacidade de armazenamento de informações. Tal sistema foi desenvolvido com capacidade de estimar a demanda dos nutrientes pela cultura como variável da produtividade, do teor de nutriente no solo e características do solo. O sistema utilizado para recomendar corretivos e fertilizantes constitui num avanço a agricultura moderna e poderá se utilizado junto aos programas de adubação.

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