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Embrapa recomenda época ideal para o milho nas várzeas



Emanuel Cavalcante

O milho (Zea mays L.) é uma cultura de grande importância nos sistemas de produção utilizados pelos agricultores amapaenses. Contudo as produtividades que são obtidas no estado não tem estimulado os produtores a ampliarem suas áreas de cultivo. A exploração em solos de terra firme de baixa fertilidade natural, falta de utilização de fertilizantes em função de preços proibitivos e a não utilização de cultivares de comprovada qualidade genética, podem ser apontados como algumas das causas para o fraco desempenho produtivo da cultura no Amapá.

Em contrapartida ao ecossistema de terra firme, tem o estado extensas áreas de várzeas que poderão ser incorporadas ao setor produtivo agrícola, especialmente com culturas de ciclo curto como é o caso do milho. No Amapá é sugerido que existe em torno de seiscentos mil hectares de áreas inundáveis, a maioria, com grande possibilidade de ser aproveitada para fins agrícolas

No ecossistema de várzea do Amapá já foram desenvolvidos inúmeros trabalhos pela Embrapa com esta gramínea, onde os resultados mostraram o grande potencial produtivo apresentado por inúmeros genótipos avaliados. Também foram testados sistemas de produção envolvendo o milho e outras culturas como arroz, feijão caupi e mandioca, que mostraram grande viabilidade de produção.

Um dos problemas apresentado para se obter o sucesso do cultivo de milho nas várzeas diz respeito a época mais adequada para se realizar o plantio. O excesso de umidade durante o desenvolvimento vegetativo tem sido um dos fatores que tem prejudicado de forma marcante o desempenho produtivo do cultivo do milho nas várzeas do estado. Por outro lado, plantios realizados fora da época ideal, contribuem de maneira significativa para a redução da produtividade devido a forte concorrência da cultura com plantas as daninhas.

Desta forma escolher o momento ideal para se realizar o plantio do milho em várzea é, sem dúvida alguma, um imperativo fundamental para o agricultor obter produtividades compensatórios em suas propriedades. Além de que poderá haver uma redução nos custos de produção, em função da diminuição no número de capinas necessárias para o bom desenvolvimento da cultura.

Características gerais das várzeas

As várzeas, especificamente na Região Norte, são consideradas àquelas áreas inundáveis periodicamente por águas dos rios. Estes rios por sua vez são, via de regra, de águas barrentas e que carregam consigo uma inestimável quantidade de detritos orgânicos e minerais em suspensão. A deposição destes detritos nos solos de várzeas conferem-lhe uma fertilidade que poderá ser aproveitada muito bem para a exploração agrícola.

Na hidrografia das várzeas próximo ao litoral as marés constituem o elemento dominador. Elas exercem influências na direção da correnteza, intensidade de sedimentação, qualidade da água, transporte de detritos minerais e orgânicos e na oscilação do nível das inundações.

As marés ao transbordarem na orla marítima ou no baixo curso dos rios, efetuam uma maior deposição de sedimentos nos trechos próximos das margens. Pela ação da força de gravidade é ali que se depositam as partículas de maior diâmetro, Acompanhando as margens dos rios ou da costa, há uma faixa de nível mais elevado. É o que denominamos de várzea alta. As águas que cobrem a várzea alta não permanecem mais do que duas horas sobre o solo e este trecho, no Amapá, seca completamente durante os meses menos chuvosos.

Posteriormente à essa faixa marginal vêm outra que recebe os sedimentos menores. É de cota mais baixa e pode ser denominada de várzea baixa. Nesta a inundação se processa por mais tempo. A várzea baixa é invadida ou umidecida parcialmente durante quase todo o ano pelas águas de lua cheia e lua nova. As marés não chegam a cobrir a faixa marginal dos rios maiores, mas invadem os igarapés e por eles transbordam para a várzea baixa. Durante a estação chuvosa este trecho está quase constantemente alagado e atoladiço, mas com avanço da estação seca vai adquirindo consistência até tornar-se firme.

Existe também outro trecho onde a cota é ainda mais baixa que as citas anteriormente e ficam inundadas pelas águas das chuvas na maior parte do ano. Esta faixa de extensão muito maior que as várzeas alta e baixa são designados de igapós, onde o solo tem consistência aquosa e mole.

Espaçamento e densidade de plantio

O espaçamento recomendado é de 1,0 m entre linhas mantendo-se as covas afastadas de 0,4 m. A densidade ideal está no intervalo de 40.000 a 60.000 plantas por hectare com a utilização de duas plantas por cova. Utilizando-se sementes de elevado percentual de germinação é necessário entre 20 kg a 25 de sementes para o plantio de um hectare.

Época de plantio

A época de plantio de milho nas várzeas do Amapá é fator limitante para se conseguir boas produtividades. Plantio em período inadequado tem levado o agricultor ribeirinho à perdas significativas de suas lavouras. As várzeas do estado oferecem duas épocas distintas para plantio, desta forma podemos separar como a seguir:

Primeira época

Plantio compreendido entre a segunda quinzena de dezembro até a primeira quinzena de fevereiro. Para esta época o produtor deve utilizar as áreas de solo consideradas como de várzea alta.

Segunda época

Plantio compreendido entre a segunda quinzena de julho e durante o mês de agosto. Para esta época o produtor poderá utilizar os solos de várzea alta. Contudo, preferencialmente, o agricultor deve utilizar os solos de várzea baixa.

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