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Geração de energia no Brasil


Irriga Global

Por Júlio Pertile, Engenheiro Agrônomo.

 

A geração de energia atualmente

 

A matriz energética do Brasil possui hoje, em sua maioria, a geração de energia renovável, ou seja, fontes que são encontradas em abundância na natureza e são de fácil e natural reposição ao meio, como por exemplo: água, vento e sol. Sendo assim, as fontes não são necessariamente inesgotáveis a longo prazo.

Atualmente, a geração de energia por hidroelétrica lidera dentre as fontes citadas mas, segundo dados da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), esta fonte está diminuindo sua parcela, pela transformação que vem ocorrendo na matriz energética brasileira.

Neste ano, devido à diminuição no regime de chuvas no país, os reservatórios das usinas hidroelétricas tiveram uma diminuição significativa, atingindo a capacidade geral de 28,8% em setembro, segundo a Aneel. O sistema hidroelétrico Sudeste/Centro-Oeste que gera 70% da energia hidroelétrica do país, encontrava-se neste mesmo mês com os reservatórios a menos de 21% de suas capacidades totais. Devido a isso, houve o acionamento das usinas termoelétricas no mês de maio, gerando uma energia mais cara, o que resultou na taxa tarifária mais cara, de bandeira vermelha I neste mês, e estágio II, até então.

 

Outras fontes de energia em ascensão

 

A geração de energia eólica vem crescendo significativamente no país, principalmente na região nordeste, pelo potencial desta região para a matriz energética, onde estão instalados mais de 80% doa parques eólicos. Segundo o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), a energia eólica hoje é responsável por abastecer 10,9% da energia consumida no Brasil, e a expectativa é que alcance aproximadamente 14% até o final de 2025.

Outra fonte de geração de energia que está em ascensão é a energia solar (fotovoltaica ou térmica) que poderá corresponder a 3% da matriz nacional até o final deste ano, segundo a ONS. Os últimos três anos foram muito relevantes, marcados por um aumento de 2000% em pequenas centrais de geração e de 200% em grandes usinas.

 

Estratégias de uso e economia de energia

 

Na década de 80, o Brasil começou a criar programas e legislações de incentivo à eficiência energética. Desde aquela época, vários pontos sobre este tema foram desenvolvidos em programas e leis, com alguns objetivos: desenvolvimento de produtos eficientes que atendam níveis máximos de consumo de energia ou mínimos de eficiência energética; aproveitamento racional das fontes e uso consciente de energia elétrica; e o atual sistema de compensação de energia elétrica, onde unidades consumidoras com micro ou minigeração distribuída podem compensar seu consumo de energia ao final do mês.

O Brasil possui programas importantes para os próximos anos sobre a questão energética, tendo em vista a relevância disto. Neste ano, o país esteve à margem de uma crise nacional. O Plano Nacional de Energia 2030 (PNE 2030) apresenta o potencial de aplicação de medidas de eficiência energética no Brasil, em diferentes cenários macroeconômicos, e seu potencial em cada setor. O Plano Nacional de Eficiência Energética explica diversas ações que podem ser desenvolvidas para aumentar a conservação de energia nos setores industrial, transportes, edificações, iluminação pública, saneamento, educação, entre outros.

O setor agropecuário está na quarta posição quanto ao consumo de energia elétrica e como descreve Altoé, Leandra et al. possui o terceiro maior potencial de aplicação de medidas de eficiência energética. Desenvolvendo políticas de combate ao desperdício, rigor nas regras de uso de energia e equipamentos mais eficientes, além de incentivo ao uso racional e diversificação das matrizes energéticas, são estratégias imprescindíveis para reduzir o rico que crise energética. 

 

A irrigação neste cenário

 

Segundo dados da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) e estimativas da Agência nacional de Águas (ANA), em 2017 o Brasil ocupava a sexta posição na lista de países com maior área irrigada. Além da água, a irrigação é extremamente dependente da energia para o bombeamento da mesma e, em alguns casos, a movimentação dos sistemas de irrigação.

Diante da dependência de energia, a utilização plena da técnica de irrigação requer o suprimento em quantidade e estabilidade desta, principalmente em períodos de estiagens longas, como ocorre no centro-oeste do Brasil. De acordo com informações coletadas pelo próprio autor em seu trabalho de campo no interior da Bahia, há inúmeras propriedades rurais com projetos de instalação de sistemas de irrigação que aguardam o desenvolvimento de redes de fornecimento de energia público-privadas. Além dessas, outras com os sistemas já instalados possuem o abastecimento insuficiente e passam a subutilizar os equipamentos de irrigação no período de safrinha, em que há uma estiagem longa e os cultivos dependem totalmente da água por meio da irrigação.

 

Fontes: 

Agência Câmara de Notícias: https://www.camara.leg.br/noticias/803866-aneel-alerta-que-capacidade-dos-reservatorios-das-hidreletricas-pode-ficar-abaixo-de-19/;

EPE: https://www.epe.gov.br/pt/abcdenergia/matriz-energetica-e-eletrica 

ANA, Agência Nacional das Águas. Atlas da Irrigação: Uso da água na agricultura irrigada. Brasília, DF, 2017. Disponível em:< https://www.ana.gov.br/videos/o-atlas-irrigacao-uso-da-agua-na-agricultura-irrigada> 

Altoé, Leandra et al. Políticas públicas de incentivo à eficiência energética. 2017, v. 31, n. 89., p. 285-297. Disponível em: <https://doi.org/10.1590/s0103-40142017.31890022>. Acesso em 10 de novembro de 2021.
Food and Agriculture Organization of the United Nations. AQUASTAT – FAO’s Global Information System on Water and Agriculture. Disponível em: <http://www.fao.org/nr/aquastat/>

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