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INFLAÇÃO: causas e consequências (Final)


Argemiro Luís Brum

E a desvalorização do Real, para além do aceitável, levou nossa moeda, entre janeiro de 2020 e o auge cambial atingido em 09/03/2021, a perder quase 46% de seu valor em relação ao dólar estadunidense, passando de R$ 4,02 para R$ 5,84. Depois, entre o 10/03 e o 09/08 de 2021, a média ficou em R$ 5,31 por dólar, ou seja, ainda bem acima do considerado normal para o momento, valor que gira entre R$ 4,80 e R$ 5,00. Isso elevou os preços das commodities de exportação, estimulando vendas externas e reduzindo a oferta interna, o que aumentou os preços locais.

Por outro lado, provocou forte alta nos preços dos produtos importados e/ou atrelados ao dólar, caso dos combustíveis, gás de cozinha e outros tantos. Diante disso, o poder de compra do auxílio emergencial caiu antes mesmo de grande parte dos beneficiados poder utilizá-lo, assim como reduziu o nível médio de renda, para além do efeito “desemprego”. E o Banco Central demorou para reagir, elevando a Selic apenas a partir de março do corrente ano. Quando o fez, a economia brasileira já estava atingida por outros fatores, dentre eles o sentimento de que o atual governo não entregou o que prometeu e já tem pouco a oferecer em termos de ajustes econômicos adequados.

Com isso, o câmbio não cede, mesmo com a Selic já tendo saído de 2% ao ano em março, para os atuais 5,25%, com indicativos de que poderá terminar o ano entre 6,5% a 7%. Na prática, o Banco Central já está mirando a inflação de 2022, tendo absorvido que em 2021 ela irá ficar bem acima do teto da meta. A ideia do juro baixo, em plena pandemia, era que se pudesse atrair investimentos privados que animassem a economia. Ora, ninguém investe em uma economia com tantas incertezas, grande parte delas motivadas pela ação do próprio governo.

Portanto, a estratégia não deu certo, pelo contrário, ajudou a provocar uma disparada inflacionária que, agora, pesa sobre toda a sociedade, causando ainda mais estragos econômicos. Por tudo isso, a renda do brasileiro só deve voltar ao pico de 2013 em 18 anos (cf. FGV). E sem renda o brasileiro se endivida, a ponto de o endividamento das famílias brasileiras, em julho passado, bater novo recorde histórico, atingindo a 71,4% das mesmas, sendo que 25,6% estavam inadimplentes. E sem renda, é ilusão esperar recuperação econômica adequada, mesmo vencida a pandemia. 
 

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