CI

MORTA


Paulo Lot Calixto Lemos

MORTA

Tinha a beleza cálida da rosa

Era morena, lânguida, nervosa

Dera-lhe Deus tão régia formosura

Que só se via nessa bela criatura

A suprema ventura

Assim tão bela mais nenhuma havia

Era uma flor dos trópicos, sadia

Inda o som de sua voz escuto

Ah! Mas um dia, num dia

Ficou envolta em luto

E junto dela

Aquela casa cheia de alegria

Findou-se, morria

Eu soluçava a beira de seu leito

Certo de que afinal acabara tudo

O coração parara em seu peito

E seu lindo olhar pelo terror desfeito

Ficara mudo, eternamente mudo

Ah! Que saudade louca

De sua doce e rósea boca

Da serena elegância de seus passos

Do calor terno de seus abraços

Amor! Vivemos a sonhar com a sorte

Sem nunca lembrar, que existia a morte

Deus! Ela ao túmulo descia

Foi sepultada

Jaz inerte, num caixão deitada

Hoje é cinza, é pó, é nada

Essa mulher querida

Que um dia

Foi tudo para mim na vida.

Alvim da Silva Lemos (Capitão)

*Escrito em 05/11/1934, ocasião da morte de sua esposa

Assine a nossa newsletter e receba nossas notícias e informações direto no seu email

Usamos cookies para armazenar informações sobre como você usa o site para tornar sua experiência personalizada. Leia os nossos Termos de Uso e a Privacidade.