
Seja porque o rabo cresceu muito ou o espaço está cada vez mais reduzido, o fato é que o Demo anda com sérios problemas para continuar incógnito. Na medida em que o país começa atingir um nível mais alto de maturidade, a maldição do "jeitinho brasileiro", que de brasileiro não tem nada, já que pode ser encontrado na maioria dos países subdesenvolvidos, vai dando lugar a processos elaborados, em que a criatividade, associada à determinação e ao trabalho duro, levam a soluções de melhoria contínua, racionalizando custos, aumentando a eficiência, tornando as empresas e o país mais competitivos e aptos a atuar numa economia globalizada.
Práticas de criar dificuldades para vender facilidades são bastante conhecidas por nós. Elas se fazem presentes de forma acentuada na máquina pública, tanto estatal como política, mas também deixam seus rastros nas empresas privadas. O esforço dos que se locupletam com este atraso está concentrado em não permitir que a informação flua de forma sistêmica. Acontece que a sociedade como um todo, e as pessoas individualmente, não aceitam mais esta situação, pois tem a percepção de que este é o caminho do fim.
Os exemplos estão aí. Sanguessugas e mensalões vão levar, inexoravelmente, a processos mais transparentes, coibindo as soluções via "jeitinho", que consomem grande parte dos recursos, já escassos, em descontrole e corrupção. Ícones das empresas privadas, antes considerados inabaláveis, estão indo à lona, em traumáticos processos de "recuperação judicial", levados a este estágio por administradores ineptos e corruptos, que os tornaram anacrônicos e incapazes de permanecer em um mercado onde a governança corporativa da concorrência prima pela transparência na aplicação dos recursos disponíveis.
Na logística, os agentes envolvidos já se deram conta de que a mudança de cultura é uma necessidade imperiosa para a sobrevivência. Esta mudança permeia toda a cadeia, indo desde as grandes operadoras logísticas até os mais simples caminhoneiro.
A contratação de fretes vem mudando radicalmente. Agora, operadores logísticos e embarcadores cobram do transportador custos competitivos e informação em "tempo real" da mercadoria em trânsito, integrada aos sistemas do contratante. Esta mudança cultural vem trazendo a todo o processo um "circulo virtuoso", onde cada agente ou evolui ou está fora. Como a racionalização de custos impõe a terceirização massiva (hoje 70% do frete nacional é realizado por motoristas autônomos ou EPPs), sistemas que fazem a gestão de toda esta frota em trânsito passaram a ser essenciais para atendimento das novas demandas. Com a utilização das novas técnicas, as transportadoras, além de nivelar o controle dos terceiros aos da frota própria, ganham enorme flexibilização estratégica.
É fundamental que os postos fornecedores de combustíveis, que hoje representam 35% em média do valor do frete, também estejam integrados ao sistema on-line. Ser um fornecedor de um insumo tão importante a preços competitivos não é mais suficiente. É necessário que se tornem escritórios avançados dos clientes e através da tecnologia disponível executem as tarefas complementares que sua localização geográfica privilegiada potencializa.
Plataformas sistêmicas disponíveis são capazes de integrar, de forma relativamente simples, todos estes elementos aos ERPs (sistemas de gestão interna), trazendo a todos os departamentos das empresas envolvidas e seus prestadores de serviços acesso, de forma seletiva, às informações disponíveis.
Com estas práticas, que se tornam cada vez mais usuais, os vícios e seus promotores vão sendo exorcizados, limpando o mercado das pragas que atravancam seu desenvolvimento.