CI

Olimpíadas: prós e contras


Argemiro Luís Brum
O Brasil acaba de ganhar o direito de sediar as Olimpíadas de 2016. Se pelo lado da imagem nacional perante o mundo e dos ganhos políticos, se o evento for bem organizado, podemos considerar que estamos diante de uma vitória nacional, pelo lado econômico o fato é ruim. As primeiras projeções indicam um gasto mínimo, para organizar o evento, de R$ 25 bilhões.
Como sempre ocorre nesses casos, e tomando por base o acontecido em outros países que já sediaram as Olimpíadas, tais gastos irão, no mínimo, triplicar. Isso significa que gastaremos ao redor de R$ 75 bilhões na melhor das hipóteses.
Tal número, ao câmbio de hoje, representa US$ 42,8 bilhões, ou seja, 22% da atual dívida externa do país. Além disso, todo esse dinheiro será concentrado particularmente no Rio de Janeiro e arredores, caracterizando-se em mais uma brutal concentração de renda no Brasil, embora dificilmente as favelas cariocas terão vez no contexto.
Soma-se a isso o sistema de corrupção que grassa nesse país em praticamente todas as áreas, a começar pela política, e temos um quadro desolador para os brasileiros em relação a um dos maiores eventos esportivos do mundo. Mesmo que venhamos a aproveitar alguma coisa da Copa do Mundo de 2014, que igualmente sediaremos, gastaremos recursos que não temos, num quadro historicamente sem organização e seriedade.
Do contrário, a saúde pública, educação, segurança, habitação, infraestrutura e outros setores essenciais não estariam como estão. Sem falar que a grande maioria dos países que sediaram as Olimpíadas até hoje ainda estão pagando a conta das despesas realizadas, acusando que o evento não foi rentável, com o agravante de conseguirem usar adequadamente, findo os jogos, os estádios, piscinas e outras obras construídas para o acontecimento.
Ganhar em turismo, em imagem mundial (dependendo ainda se de fato conseguiremos organizar decentemente tais jogos), em participação no cenário esportivo, quando nunca apoiamos o esporte nacional, com exceção do futebol e mais recentemente do voleibol, é muito pouco para o custo que a Nação brasileira irá pagar pela aventura. Sem falar ainda que a grande maioria assistirá os jogos pela televisão, essa sim com faturamento garantido, como se os mesmos estivessem ocorrendo em qualquer outro país do mundo.
Dentre os prós e contras de sediarmos as Olimpíadas de 2016, infelizmente há muito mais contras do que prós, fato que não justifica nenhuma euforia, salvo para aqueles que irão capitalizar particularmente o evento pelo lado político e financeiro, sob os ombros dos brasileiros que pagarão a conta no longo prazo.
Custos agrícolas: um assustador aumento
Tomando por base dados produzidos pela Fecoagro (Porto Alegre), encontramos uma realidade assustadora, embora já sabida, no que tange aos custos de produção agrícolas no Rio Grande do Sul. Entre 2003 e 2008, o custo para se produzir um saco de soja passou de R$ 24,34 para R$ 36,73, registrando um aumento de 50,9%, mesmo sendo a soja transgênica a considerada nos cálculos a partir de 2005.
Enquanto isso, o preço médio do produto subiu apenas 18% no período considerado, passando de R$ 36,48 para R$ 43,54 o saco. No caso do milho mecanizado, os custos aumentaram 53,2% no mesmo período, com o saco do cereal passando de R$ 14,61 para R$ 22,39.
Já o preço recebido pelos produtores de milho, no período, evoluiu 31,9%, passando, em termos médios, de R$ 17,13 por saco em 2003 para R$ 22,60 em 2008. Enfim, o trigo registrou um aumento de custos de 39,7% entre 2003 e 2008, com o saco do produto passando de R$ 25,81 para R$ 36,06.
Já o preço médio recebido pelos produtores gaúchos evoluiu de R$ 26,36 para R$ 28,03 por saco, o que representa um ganho de apenas 6,3%. Mesmo que os produtores não façam suas lavouras com todos os custos registrados, o fato é que tais aumentos indicam tecnicamente uma inviabilidade da produção gaúcha destes grãos.
Particularmente se considerarmos que a inflação oficial no período (IPCA) ficou em somente 38,7%.
USDA confirma safra cheia nos EUA
O governo dos EUA, em seu relatório mensal deste dia 09 de outubro, confirmou que a safra de soja daquele país será excelente, atingindo a 88,4 milhões de toneladas (o número de setembro era de 88,3 milhões). Com isso, os estoques finais do produto naquele país passam para 6,26 milhões de toneladas na projeção para o final de 2009/10.
O mesmo relatório indicou uma produção mundial de soja em 246,07 milhões de toneladas (cerca de dois  milhões acima do indicado em setembro e 35,4 milhões acima do colhido no ano anterior). Os estoques finais mundiais igualmente foram ajustados para cima, alcançando agora, na projeção para 2009/10, um volume de 54,79 milhões de toneladas, contra 50,53 milhões em setembro e 42,05 milhões registrados no ano anterior.
Nessas condições, salvo surpresas, será difícil o preço da soja melhorar. Pelo contrário, a tendência continua sendo de um preço médio bem menor em 2010 do que o praticado nos dois últimos anos no mercado gaúcho.
Particularmente se o Real permanecer entre R$ 1,60 e R$ 1,90 nos próximos meses.

Assine a nossa newsletter e receba nossas notícias e informações direto no seu email

Usamos cookies para armazenar informações sobre como você usa o site para tornar sua experiência personalizada. Leia os nossos Termos de Uso e a Privacidade.