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PIB de 2017: o futuro é desafiador


Argemiro Luís Brum

Oficialmente o PIB brasileiro em 2017 cresceu 1%. Por trás deste percentual há uma série de informações que merecem análise. Pontos positivos: 1) confirmou-se que 2017 foi o ano em que o Brasil saiu da pior recessão de sua história; 2) que a agropecuária salvou o PIB nacional no ano passado, pois cresceu 13% (sem ela, o crescimento geral teria sido de apenas 0,3%); 3) o consumo das famílias cresceu 1% (ele representa 63,4% do PIB brasileiro), porém, a sustentação disso nos próximos anos não será simples, pois a inadimplência continua elevada, os juros não deverão baixar muito (a Selic deve mesmo subir até o final de 2019); a inflação igualmente será maior em 2018; e o crédito tem sido mais seletivo; 4) a taxa de poupança na economia subiu para 14,8% do PIB, contra 13,9% em 2016, embora o ideal seja 25% do PIB; 5) o superávit da balança comercial, em um recorde de US$ 67 bilhões, igualmente auxiliou a positivar o PIB, porém, foi muito resultado do freio nas importações devido a uma economia ainda travada. Alertas: 1) o crescimento do setor primário foi um ponto fora da curva, pois não deve se repetir em 2018, já que no ano passado sua performance foi a melhor da série histórica, iniciada em 1996; 2) o PIB do ano passado ainda está muito aquém das necessidades brasileiras, pois, em termos reais, a economia nacional apenas voltou ao patamar do primeiro semestre de 2011; 3) em outras palavras, a recessão que acabamos de superar aniquilou o crescimento econômico de seis anos; 4) o PIB per capita cresceu bem menos, ficando em 0,2% em 2017, já considerando a inflação, indicando que o consumo das famílias aumenta pelo endividamento e não pela melhoria adequada da renda, o que é sempre perigoso em um contexto de alta inadimplência, sem falar que o desemprego voltou a aumentar no trimestre que inclui o mês de janeiro/18, passando a 12,2%, contra 11,8% no trimestre anterior; 5) a indústria ficou estagnada em 2017, após três anos consecutivos de queda; 6) o investimento recuou mais uma vez, desta feita 1,8% em 2017, com sua taxa caindo para o menor nível da série histórica, ou seja, 15,6% do PIB, quando o necessário seria 25%; 7) nosso 1% de crescimento não salvou o Brasil de ficar no último lugar entre 45 países ranqueados (84,9% do PIB mundial) em 2017. Para voltarmos ao estágio de antes da recessão, somente em 2020 (isso se o crescimento do PIB atingir 2,9% em 2018 e 3% em 2019). E para recuperarmos o PIB per capita apenas em 2022. Portanto, a recuperação é lenta e exigirá muito trabalho da sociedade nacional para mantê-la, lembrando que 2018 nos traz desafios que podem interromper o processo: eleições presidenciais; impossibilidade política de realizarmos reformas estruturais; e cenário internacional dando sinais de que a ampla liquidez disponível está chegando ao fim (atenção aos juros dos EUA).   

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