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Preço dos combustíveis e o populismo (I)


Argemiro Luís Brum

Entre 2008 e 2014 os governos Lula e Dilma intervieram nos preços dos combustíveis, forçando a Petrobras a subsidiar o produto (vender mais barato internamente os derivados de petróleo em relação aos preços pagos na importação da matéria-prima). O resultado, somado à corrupção que grassou na estatal, quase levou a Petrobras a quebrar.

Quando se abandonou esta política, em outubro de 2016, o rombo na empresa, gerado somente pelo controle de preços, chegava a US$ 40 bilhões, fora os juros e outros efeitos secundários. A partir de 2016 se adotou uma política de preços coerente com a metodologia mundial: o preço dos combustíveis no Brasil passou a ser ajustado conforme o comportamento dos preços internacionais do petróleo e do câmbio no país. Mas o estrago estava feito. O mesmo foi tão elevado que a Petrobras terminou 2020 ainda com uma dívida de US$ 75,5 bilhões, após já ter pago, nos últimos dois anos, quase US$ 36 bilhões.

Ora, se os preços de nossos combustíveis estão balizados por cotações mundiais e câmbio, e não se podendo interferir nos preços mundiais do petróleo, sobra regular o câmbio. Desde meados do ano 2020 sabe-se que o Real se desvalorizou de forma anormal, terminando o ano como uma das moedas que mais perdeu valor em relação ao dólar estadunidense. Mas não foi isso que o Presidente Bolsonaro decidiu encaminhar. Partiu para uma decisão populista de intervir na Petrobras via troca de seu diretor, na expectativa de controlar os preços dos combustíveis. Ao agir desta forma, não só gerou uma perda de valor de mercado de R$ 100 bilhões à estatal, como fez seus investidores, inclusive o próprio Estado, a perder muito dinheiro.

Além disso, gerou mais instabilidade no mercado, provocando mais desvalorização do Real (R$ 5,60 por dólar no dia 26/02), exatamente um dos motores do reajuste dos preços dos combustíveis. Ou seja, uma atitude economicamente temerária, centrada, mais uma vez, apenas na reeleição em 2022. Para piorar o quadro, anuncia intervenção no setor elétrico, setor este onde a Aneel ainda não terminou de devolver R$ 62,2 bilhões por prejuízos causados pelo “destarifaço” populista aplicado pelo governo Dilma em 2013. (segue)
 

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