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Preços dos combustíveis e o populismo (Final)


Argemiro Luís Brum

Enquanto o governo federal, na pessoa do Presidente da República, preocupado com a reeleição em 2022, adota políticas populistas em favor de frear a alta dos preços dos combustíveis no Brasil, como vimos nas duas colunas anteriores, ações técnicas que podem resultar em efeitos de fato positivos, são ignoradas. Dentre elas está um maior controle sobre o câmbio. Ou seja, o problema dos combustíveis pode ser, em boa parte, resolvido com uma política de melhor regulação do câmbio.

Como se sabe, o próprio ministro Guedes, erroneamente, estimulou a desvalorização cambial desenfreada nos últimos 18 meses, quando defendeu que o Real precisaria se desvalorizar. Além disso, ocorre uma forte saída de dólares do país nos últimos dois anos em particular, pois o risco Brasil cresceu diante das decisões equivocadas que vêm sendo tomadas nas áreas econômicas, ambientais e, recentemente, sanitárias. A saída líquida de dólares do Brasil somou US$ 27,922 bilhões em 2020, após US$ 44,7 bilhões em 2019.

Enquanto isso, a entrada de novos investimentos produtivos, após recuar 50,6% em 2020, caiu 30,7% em janeiro de 2021, se constituindo no menor valor em 16 anos. E tudo isso diante de uma realidade que pouca gente conhece: a gasolina e o diesel no Brasil, em comparação com o mundo, ainda estão baratos. No caso da gasolina, o preço médio entre 150 países era de US$ 1,09/litro no dia 22/02, enquanto no Brasil a mesma estava em US$ 0,884/ litro (não se pode ignorar que 27% de um litro de gasolina no Brasil é etanol misturado, ou seja, na prática o nosso litro de gasolina comum médio custa de fato US$ 1,211/litro - ao câmbio do final de hoje, ao redor de R$ 5,60, o litro de gasolina pura no país custa R$ 6,78). Pelo sim ou pelo não, os movimentos do Presidente da República, em relação aos combustíveis, colocam novamente em risco a sobrevivência da Petrobras, em um momento em que a petroleira nacional vinha se recuperando, mesmo que lentamente, após ter atingido o posto de a mais endividada do mundo na esteira das ações realizadas pelos governos anteriores.


 

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