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COMPROMISSO


Ricardo Moncorvo Tonet

                        Na sociedade atual, no mundo dos negócios, mesmo que muitas vezes de maneira disfarçada, a “visão democrática”, é tida como um instrumento de gerenciamento moderno onde todos participam, inclusive os clientes – consumidores, que, muitas vezes, são chamados a opinar.

                        Mesmo em entidades públicas, a sociedade é convidada a opinar e estabelecer prioridades através de orçamentos participativos e audiências públicas, apenas para citar alguns exemplos.

                        Mas, ainda, no mundo corporativo, especialmente nas empresas e autarquias estatais, são bastante comuns os organogramas com as suas mais diferentes subdivisões, quase sempre demonstrando uma forte linha de comando.

                        Criam –se, assim cadeias de comando (e me parece que o nome cadeia nesse caso vem bem a calhar, pois realmente ficamos “presos” a esse modelo de administração), onde a hierarquia é institucionalizada. É a máxima do “manda quem pode, obedece quem tem juízo”. É o modelo da autoridade de cima para baixo, piramidal

                        É interessante salientar ainda, que tal modelo não agrada, necessariamente, somente aos que detêm o poder. Muitos “comandados” preferem esse modelo já que podem, por exemplo, jogar um problema para cima.

                        Mas existe algum modelo alternativo? Acho que os estudiosos de administração e muitas empresas de ponta têm seus modelos em que são priorizados outros valores, como a confiança e a responsabilidade compartilhada.

                        Talvez, ainda, precisemos de sistemas, metas, planos, projetos, contratos de gestão e outras formas de acompanhamento, pois são, ainda, importantes na medição de resultados e na mudança de estratégias, quando estas forem necessárias. E de nenhuma maneira prego o anarquismo institucional, pois precisamos de regras para podermos atuar.

                        Mas, entendo, que mais importante que tudo isso, é a formação de um círculo de relacionamentos (nota – se aqui que não falamos mais em cadeia de comando, mas um círculo onde a informação, decisões e responsabilidades são compartilhadas), onde muda - se a visão piramidal de comando.

                        Extrapolando para a área rural, onde transito com mais facilidade, devemos considerar que nos últimos anos, algumas mudanças importantes foram conseguidas através, por exemplo, dos diagnósticos participativos e da criação e consolidação dos Conselhos Municipais de Desenvolvimento Rural.

                        Observamos, por exemplo, em diagnósticos participativos no espaço rural, que são priorizados problemas que abrangem questões de infra-estrutura local, como transporte coletivo, telefonia, acesso à internet, segurança pública; questões sociais, como falta de atendimento médico e/ou odontológico, falta de opções de lazer para jovens e crianças; questões econômicas, como atividades para as mulheres e abertura de microempresas; questões ambientais, como o lixo e até culturais, como a preservação da identidade local e do patrimônio arquitetônico.

                        Mas ainda falta muito para que as demandas das comunidades rurais, especialmente aquelas formadas pela agricultura familiar, possam ser atendidas e escutadas.

                        E, nesse sentido, precisamos trabalhar juntos, com os diversos atores que atuam no espaço rural, num circulo de relacionamento, onde o compromisso com as reais necessidades dessas comunidades, passe a ser a principal meta a ser alcançada.

 

 

Eng. Agr. Ricardo Moncorvo Tonet

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