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Da CPMF ao IOF (II)


Argemiro Luís Brum

O mais grave é que o custo das diferentes cestas básicas subiu muito mais do que isto, puxado pela forte elevação no preço dos alimentos. Em Porto Alegre, o mesmo atingiu a 14,33% em 2007, em Aracaju 24,38%, em Goiânia 24,21%, em Belém do Pará 20,9%, em Florianópolis 13,18% e assim por diante. Com isso, o uso do IOF, além da característica arrecadatória, visa frear o consumo pelo aumento do custo no crédito e nos demais preços da economia. Assim, o crescimento econômico de 2007 não deverá se repetir neste novo ano, caracterizando novamente a situação do “vôo de galinha” para a nossa economia. Somam-se a isto as dificuldades internacionais para manter uma produção sustentada, a começar pela crise nos EUA. O problema é que talvez o IOF não seja suficiente, obrigando o país a novamente elevar as taxas de juros via SELIC. Por enquanto, o cenário se confirma de uma redução máxima de 0,75 ponto percentual em 2008, mas não se descarta a inversão do movimento, fato que frearia ainda mais a economia nacional no médio prazo. Ou seja, contrariando a lógica mais radical do desenvolvimentismo, de que é bom ter um pouco mais de inflação em troca de um crescimento econômico maior, a prática desta virada de ano nos mostra que o consumidor, apesar da aparente melhoria no seu poder de compra, sai penalizado, pois está pagando muito mais pelo que compra, inclusive alimentos, além de se endividar fortemente, comprometendo sua adimplência futura. A ponto de o próprio governo rever as regras para o crédito consignado oferecido aos aposentados. Ou seja, o controle da inflação, pelo mecanismo monetário, continua sendo uma receita importante. O que atrapalha a lógica é que a estrutura do Estado, e novamente isto ficou escancarado, consome todo o esforço de crescimento pela sua ineficiência.

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