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ECONOMIA: É possível obter sustentabilidade futura?


Argemiro Luís Brum

O grande desafio do próximo governo brasileiro será construir as condições para um novo ciclo de crescimento, e que o mesmo seja sustentável. Isso porque, desde 2007, estamos fora do prumo econômico, embora alguns movimentos positivos, porém insuficientes, tenham sido feitos após a grande recessão vivida entre 2014 e fins de 2016. Além disso, as atuais decisões populistas do governo, visando a reeleição, pioraram o quadro. Contextualizando os últimos 22 anos, temos que, entre 1998 e 2004, o período foi de “arrumação da casa macroeconômica”, após se colocar em prática um processo de estabilização a partir de 1994. Este ciclo entra em declínio a partir de 2006/07, terminando com uma brutal recessão 10 anos depois. Esta crise, além das pressões da crise mundial de 2007/08, se deveu aos grandes desequilíbrios fiscais e macroeconômicos internos gerados no período. Na época, os mesmos ficaram parcialmente escondidos pela alta do preço internacional das commodities. O mesmo ocorre nos últimos dois anos e meio, quando fomos atingidos pela pandemia da Covid-19 e os efeitos da guerra entre Rússia e Ucrânia. Hoje, como ontem, os choques externos apenas expressaram a insustentabilidade de nossa economia, gerada, em boa parte, por políticas governamentais irresponsáveis. Não é por nada que nosso crescimento econômico médio tem sido pífio desde 2009, geralmente com melhorias pontuais de curto prazo (projeta-se um PIB entre 1,8% e 2,5% para este ano, bem acima do inicialmente calculado, porém, para 2023 o crescimento poderá ser de apenas 0,4% devido ao risco fiscal, potencializado pelas medidas recentes, e outros fatores). Entre 2007 e 2016, assim como agora, havia muita artificialidade na política econômica, embora atualmente o Banco Central venha agindo com maior qualidade, mitigando os danos. Mesmo assim, para que o crescimento econômico ocorra, e seja sustentável, precisamos praticar uma política fiscal superavitária, algo que ainda não se fez adequadamente, mas que é possível fazê-lo desde que estejamos dispostos a pagar o preço do conserto. Ou seja, “é preciso que a retomada do crescimento se dê sobre bases duradouras” (cf. Conjuntura Econômica, FGV, julho 2022, pp.10-11). Caso contrário, o Brasil continuará na estagnação média, se contentando com uma economia em “voo de galinha”.   

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