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Manejo de Pastagens de Estilosantes Bandeirante na Amazônia Ocidental


Newton de Lucena Costa

O Stylosanthes guianensis (Aubl.)SW var. Pauciflora cv. Bandeirante é uma leguminosa forrageira perene, originária do continente sul-americano, coletada na Embrapa Cerrados, em 1974. A planta é semi-erecta, com altura média de 0,65 m. Seus caules são finos, pilosos e viscosos. Quando plantado em outubro-novembro floresce em maio-junho. Considerando-se que as pastagens na Amazônia Ocidental são, basicamente cultivadas e constituídas por gramíneas, o Bandeirante surge como uma alternativa para o seu melhoramento, devido ao seu bom valor nutritivo e capacidade de incorporar expressivas quantidades de nitrogênio ao solo (80 a 120 kg/ha/ano).

Clima e solo - Seu melhor desempenho ocorre em regiões úmidas com precipitações entre 900 e 3.500 mm anuais. Apresenta boa resistência à seca e ao pastejo, porém moderada tolerância ao sombreamento e ao fogo.  O Bandeirante possui grande adaptação aos solos de baixa fertilidade natural, sendo capaz de atingir 80% de seu rendimento máximo de forragem, sob 60% de saturação de alumínio e 2,5 mg de P/kg. A sua boa capacidade em extração de fósforo deve-se ao grande volume de solo ocupado por suas raízes e sua alta dependência micorrízica. Contudo, o crescimento pode ser incrementado pela elevação do pH através da calagem. É uma leguminosa promíscua, nodulando intensamente com as estirpes nativas de Rhizobium, além de alta capacidade de transferência de nitrogênio ao sistema solo-planta.

Estabelecimento - Apesar do seu desenvolvimento ser inicialmente lento, uma vez estabelecido, apresenta excelente vigor e alta produtividade, tornando-se muito competitivo. O plantio deve ser realizado no início do período chuvoso (outubro/novembro). As sementes podem ser distribuídas a lanço ou em linhas (manual ou mecanicamente), à profundidade de 1,0 cm com espaçamento de 0,5 a 1,0 m entre linhas. A densidade de semeadura será de 3 a 4 kg/ha (lanço) e 2 a 3 kg/ha (linhas). Para pastagens consorciadas com gramíneas recomenda-se 0,5 a 1,0 kg/ha de sementes da leguminosa, enquanto que para bancos-de-proteína, recomenda-se a semeadura a lanço, que poderá ser associada a uma cultura anual (arroz, milho). As sementes apresentam dormência mecânica. A escarificação pode ser feita por imersão em água quente (80°C por 3 a 5 eminutos); imersão em ácido sulfúrico concentrado por 20 minutos ou em solução de soda caústica a 20% por 30 minutos.

Produção de forragem e valor nutritivo - O Bandeirante cresce rapidamente e produz bastante forragem, no entanto a produtividade depende do tipo de solo, manejo e condições climáticas. Em Rondônia, os rendimentos de forragem estão em torno de 6 a 8 e, 2 a 4 t/ha de matéria seca, respectivamente para os períodos chuvoso e seco. O Bandeirante é uma leguminosa de abundante crescimento e forma consorciações compatíveis e persistentes com capim-colonião (Panicum maximum), brachiarão (B. brizantha cv. Marandu), capim-andropogon (Andropogon gayanus cv. Planaltina) e capim-elefante (Pennisetum purpureum). O Bandeirante constitui-se em excelente fonte de proteína para os rebanhos, principalmente, durante o período de estiagem, já que seus teores de proteína bruta variam entre 18 e 20%, enquanto que uma gramínea, na sua fase ótima de utilização, apresenta de 8 a 10%. Com seis semanas de crescimento, apresenta 0,22% de fósforo, 0,65% de cálcio e 58% de digestibilidade "in vitro" da matéria seca. Os ganhos de peso podem variar de 250 a 600 g/animal/dia e de 300 a 500 kg/ha/ano. Tolera a defoliação e recupera-se bem, quando submetido a pastejo controlado, não devendo ser rebaixado a menos de 30 cm acima do solo.

Manejo - O Bandeirante pode ser utilizado sob a forma de feno, pastejo direto, puro ou consorciado com gramíneas, para a formação de bancos-de-proteína (piquete exclusivo apenas com a leguminosa) ou através de cortes para fornecimento em cochos. O pastejo da área com o Bandeirante, ao longo do ano, deverá ser rotativo, com períodos de ocupação de 30 dias e descanso de 40 e 60 dias, respectivamente para os períodos chuvoso e seco. Não é recomendável o pastejo muito baixo, o qual prejudica sensivelmente o vigor de reborta da leguminosa. Quando utilizado em bancos-de-proteína, o período de pastejo deve ser de uma a duas horas/dia, preferencialmente, após a ordenha matinal. Gradualmente, à medida que os animais vão se adaptando ao alto teor de proteína da leguminosa, o  de pastejo pode ser de duas a três horas/dia, notadamente durante a época seca em que a alimentação dos animais torna-se mais crítica.  O dimensionamento da área do banco-de-proteína depende da categoria e do número de animais a serem suplementados, das exigências dos animais e da disponibilidade de forragem. Em geral, um hectare de Bandeirante pode alimentar, satisfatoriamente, 20 a 25 vacas paridas durante o período chuvoso e, de 15 a 20 vacas durante a época seca.  

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