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Mercado de grãos: a realidade


Argemiro Luís Brum

A realidade do mercado de três dos principais grãos produzidos no sul do Brasil é de preços em queda. A soja, em Chicago, fechou a primeira semana de outubro em US$ 13,67/bushel. Mais de quatro dólares abaixo do auge de preços obtido nestes últimos 10 anos, ocorrido em junho passado. Essa situação, associada a um câmbio médio estável ao redor de R$ 5,20 há alguns meses, fez o preço da oleaginosa, no interior gaúcho, recuar para R$ 164,00, após ter chegado, em meados de março passado, ao recorde nominal médio de R$ 205,14. Um ano atrás a soja valia R$ 158,00 na média gaúcha. Uma forte retomada dos juros básicos internacionais; o início da colheita de uma safra normal de soja nos EUA, prevista em cerca de 120 milhões de toneladas; o início do plantio de uma área recorde na América do Sul, onde, somente o Brasil espera colher mais de 151 milhões de toneladas; a redução na demanda chinesa, reflexo de uma economia local mais fraca; e um câmbio brasileiro bastante estável, não muito distante de sua paridade normal, apesar das eleições presidenciais locais, trouxeram o mercado para um patamar de preço mais baixo. Já o milho, após ter atingido US$ 8,18/bushel no final de abril do corrente ano, viu Chicago bater em US$ 5,91 no início de agosto, antes de subir para US$ 6,80 neste início de outubro, se mantendo bem abaixo de seu auge no ano. No mercado gaúcho, o preço médio ao produtor veio para valores entre R$ 80,00 e R$ 84,00 na atualidade, contra um pouco mais de R$ 100,00/saco meses atrás. Um ano antes o milho valia R$ 84,39/saco na média gaúcha. Enfim, o trigo, em estágio de colheita no Brasil e perto de registrar uma safra nacional recorde (entre 9 e 10 milhões de toneladas), viu sua cotação, em Chicago, chegar a US$ 14,25/bushel no início de março passado, para depois recuar a US$ 7,31 em meados de agosto e se estabelecer, na atualidade, entre US$ 8,80 e US$ 9,00, devido a continuidade da guerra no Leste Europeu. Com isso, o saco do cereal, no mercado gaúcho, que chegou a atingir R$ 115,00 neste ano, já recuou para R$ 90,00, podendo cair mais a partir da colheita recorde que se espera igualmente no Rio Grande do Sul. Em paralelo, os custos gerais de produção, que subiram mais de 50%, em média neste ano, parecem se estabilizar, porém, sem indicarem recuos compensadores.

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