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O aquecimento global e a economia (II)


Argemiro Luís Brum

O recente relatório anual do PNUD, divulgado no último dia 27/11, se dedicou a este tema do aquecimento global e acusa: “...estamos diante da ameaça mais grave que a humanidade jamais encontrou em sua frente.”. Nos últimos 20 anos, por exemplo, as catástrofes naturais, provocadas pelo clima, quadruplicaram pelo planeta afora. No início dos anos de 1980 a média era de 120 catástrofes mundiais. Hoje elas alcançam o número de 500. Inundações e tempestades passaram de 60 em 1980 para 240 em 2006, enquanto o número de pessoas atingidas pelas mesmas, considerando o natural aumento populacional, cresceu de 68%, chegando hoje ao redor de 260 milhões de pessoas no mundo. O PNUD ainda alerta que “...o mundo tem menos de 10 anos para reverter este processo... ao mesmo tempo em que dois grupos de indivíduos estão tendo pouco espaço para se pronunciarem nas conferências internacionais sobre o tema, sendo eles os pobres do mundo inteiro e as gerações futuras.”. Na prática, as mudanças climáticas e as medidas até agora adotadas, como a do crédito de carbono, apenas acentuarão as desigualdades entre os povos. Afinal, enquanto um habitante dos EUA emitia, em 2004, o equivalente a 21 toneladas de gás carbônico, um francês emitia 6 toneladas e um habitante da Etiópia ou Bangladesh apenas 0,1 tonelada. Ou seja, o crescimento e o consumo desenfreado, como o praticado pelas nações desenvolvidas, são ecologicamente insustentáveis afirma ainda o PNUD. É preciso uma mudança urgente de postura que a Conferência de Bali parece não estar à altura de fornecer. Neste aspecto, outra pergunta surge: como modificar o modelo produtivo, mantendo a geração de riqueza e o potencial de desenvolvimento, sem comprometer definitivamente os recursos naturais e as gerações futuras? Por enquanto, faltam respostas!

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