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O Custo da Moratória da Dívida Externa



Argemiro Luís Brum

Uma das alternativas que os países encontram para investir em suas economias e mesmo rolar suas dívidas é a prática do endividamento externo. Todo endividamento exige sabedoria para pagá-lo. O Brasil, que está conseguindo reduzir sua dívida externa neste momento (a dívida total seria de US$ 168,86 bilhões neste momento, com apenas US$ 18,186 bilhões de curto prazo), sempre esteve a mercê de propostas e pressões ideológicas quanto a pagar ou não sua dívida externa. A idéia irresponsável de calote ou moratória da dívida externa (não pagarmos a conta aos credores internacionais) sempre rondou o cenário nacional, particularmente no final dos anos de 1970 e durante os anos de 1980. Ora, ceder a esta estratégia é um erro monumental. Especialmente para países como o nosso, que dependem da poupança externa para crescer, já que não possuem poupança própria suficiente. Mesmo assim, caímos em tentação em 1987, durante o governo do presidente Sarney, ao declararmos moratória de nossa dívida externa. Na época, o país se encontrava falido e não tinha como honrar seus compromissos externos (o conhecido default). Que resultados foram conseguidos com tal atitude? Apenas o corte na entrada geral de recursos internacionais no país. Naquele ano, apenas US$ 200 milhões entraram no país. A título de comparação, no ano passado, que não foi o melhor ano, entraram US$ 15 bilhões. Para recuperar-se diante do capital externo, o país foi obrigado a assumir títulos, dentro do Plano Brady (os chamados bradies) negociados apenas em 1994. Hoje, decidimos resgatá-los, pagando US$ 6,64 bilhões. O custo direto da moratória, que durou poucos meses, é enorme. Sem falar nos custos indiretos! Não ganhamos nada com o calote, a não ser mais dívida para pagar.

 

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