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O marketing da semente e a semente do marketing


Eleri Hamer
Na sexta-feira, dia 07 de março, com muita pompa e circunstância, prestigiado pela mídia e pelas autoridades locais e estaduais, além de representações federais, aconteceu o lançamento oficial da campanha de valorização das sementes de Mato Grosso.
O projeto desencadeado pela Aprosmat (Associação dos Produtores de Sementes de Mato Grosso), numa mostra de lucidez estratégica, tem o apoio do Governo do Estado e foi primorosamente produzida pela Marketing Mercado.
Uma iniciativa dessa natureza é no mínimo louvável dada principalmente às características de um setor que sempre privilegiou o fazer ao invés de propalar o que faz. O agronegócio brasileiro, inclusive no âmbito internacional, sempre foi mais pata (coloca um ovo grande e sai quieto) que galinha (coloca um ovo pequeno e faz um barulhão).

Já houve momentos sim, em que o setor produtivo apareceu frequentemente na mídia, mas naquela época estava mais preocupado em demonstrar o seu poderio econômico de máquinas e caminhonetes de luxo em capas de revista do que em demonstrar a tecnologia empregada, a qualidade dos seus produtos e buscar a simpatia do consumidor final.
O programa de marketing da semente lançado pela Aprosmat tem mais do que um caráter meramente técnico de salvaguardar o market share ou a “quota de mercado” no Estado pelos sementeiros daqui. Acredito que, além disso, ela seja motivo de o próprio programa ser uma semente, como um trocadilho: a “semente do marketing” e dessa forma desencadear outros processos de promoção dos produtos e serviços de alta qualidade, não só do agronegócio.
O Marketing tem várias estratégias. Uma delas é a da dose homeopática, ou no linguajar popular: água mole em pedra dura tanto bate até que fura. Traduzindo, no caso da campanha, é necessário um processo contínuo e organizado do setor no sentido de manter na memória os atributos produtivos e sanitários das sementes do Estado e os perigos das demais sementes.
O foco do programa recai principalmente sobre aquele que acaba assumindo o prejuízo por uma operação equivocada: o produtor de grãos. Num primeiro momento o sementeiro também reduz a sua rentabilidade e participação no mercado, mas quem mais perde normalmente é o produtor de grãos. No final das contas, se alguma doença ou praga vier a se instalar no estado, todos perdem. Mas, como sabemos a corda sempre arrebenta do lado mais fraco.
A proposta não é estabelecer uma reserva de mercado, até por que isso em tempos de comunicação farta e conhecimento fluído é quase impossível. A questão é restabelecer a verdade em torno dos perigos que representam as sementes vindas de outras regiões, principalmente aquelas produzidas em condições duvidosas, muitas sem registro ou marca.

Para isso, no entanto, é necessário que tanto o produtor de sementes se conscientize dessa realidade, assim como os agenciadores ou empresas que comercializam esses produtos. A questão é: qual o juízo de valor que o cliente das sementeiras faz do produto produzido por elas?
Sabemos também, que mesmo aqui no Estado, às vezes por circunstâncias climáticas outras por imperícia das empresas, temos sementes de baixa qualidade fisiológica, mas que tem apresentado, potencialmente, alta qualidade sanitária. Por isso precisamos nos ater à questão do marketing sem qualidade ou qualidade sem marketing.
Nesse aspecto, vencida a primeira fase, numa próxima campanha, possa ser útil incluir mais agentes da cadeia sementeira gerando uma espécie de força difusora, promovendo ainda mais os benefícios das sementes produzidas em Mato Grosso e exercendo uma retro-cobrança para melhorar a já destacada qualidade desse insumo.
Como diz o slogan da campanha: na hora de escolher as suas sementes, pense bem, pense no Mato Grosso. Boa semana.
Eleri Hamer é Mestre em Agronegócios, Professor de Graduação e Pós-Graduação do CESUR, desenvolve Palestras, Educação Executiva e Consultorias em Gestão Empresarial e Agronegócio. Home-page: www.elerihamer.com.br E-mail: [email protected]

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