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O que esperar dos preços da cana



Manoel Carlos Ortolan

Como já se previa, a safra foi aberta com os preços da cana em baixa. Os fatores já são conhecidos: queda nas cotações do açúcar por conta do excedente no mercado mundial e a manutenção do preço do álcool em patamares baixos. O resultado é que a receita obtida não cobre os custos de produção.

A Unica divulgou, no início da semana, os dados de acompanhamento de safra, do início do ciclo até o final de junho, comparado com o mesmo período do ano anterior. A produção aumentou, mas a qualidade da matéria-prima caiu. O total de cana processada na região Centro-Sul atingiu 140,55 milhões de toneladas, um aumento de 4,39% sobre o mesmo período da safra passada. No entanto, houve uma redução de 6,01% na quantidade de produtos obtidos por tonelada de cana moída no período analisado: nesta safra, o quilo de ATR por tonelada de cana foi de 124,01, contra 132,01 em igual período do ciclo anterior.

Esse desempenho foi o resultado das chuvas que caíram em maio nas regiões produtoras. Já na segunda quinzena de junho, foi de 3,74% o crescimento no volume de cana processada em comparação com a mesma quinzena da safra passada, com redução de 4,94% na quantidade de ATR por tonelada de cana. Do início da safra até o final de junho, foram produzidas 6,47 milhões de toneladas de açúcar, 13,17% abaixo do total da safra anterior no mesmo período, e 6,21 bilhões de litros de etanol, aumento de 7,18% em relação à safra 2007/08. Da cana processada, 61% foram destinadas à produção de etanol.

E o que podemos esperar daqui para frente? Estimativas do Centro de Cana do IAC para a região de Ribeirão Preto apontam para um aumento de 2,4% na produtividade. Para o CTC (Centro de Tecnologia Canavieira), o incremento pode chegar a 3,8% nessa área; 5% no Estado de São Paulo e 2,7% na região Centro-Sul. Os centros utilizam métodos diferentes para a projeção e, por isso, as diferenças nas estimativas. Apesar da elevação do TCH (Tonelada de Cana por Hectare), os estudos também apontam queda na qualidade.

No entanto, de acordo com dados da Somar Meteorologia, com a qual a Canaoeste mantém convênio, as temperaturas mínimas e máximas terão lenta e gradativa elevação nos próximos quinze dias, o que favorece maiores acúmulos de açúcar. Nesse cenário, de acordo com análise dos técnicos da Canaoeste, o clima para esta quinzena poderá assegurar condições favoráveis para a maturação dos canaviais a serem colhidos no início de agosto.

Por outro lado, é provável, ainda na análise dos nossos técnicos, que haja um equilíbrio nos preços. Vejamos. No início da safra até o final de junho, a cana entregue pelos fornecedores da Canaoeste apresentou redução na ordem de 8,01 kg de ATR por tonelada. Ou seja, para cada tonelada de cana, foram produzidos 4,74 litros de álcool hidratado a menos nesta safra. Só na região de abrangência da Canaoeste, a queda no ATR fez com que deixassem de ser produzidos 11,9 milhões de litros de álcool.

Isso poderá provocar uma redução no teor médio de ATR das unidades industriais da região e, por conseqüência, no teor de ATR relativo obtido pelos fornecedores. Assim, é esperado que também haja um reflexo nos preços. No mais, temos de torcer para que as condições de mercado melhorem e não desanimar frente a essas dificuldades. Elas são conjunturais. A médio e longo prazo a cana recuperará a rentabilidade. Olhemos adiante.

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