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Opção ao açúcar


Antônio Lício

A produção comercial de açúcar tem como origem, principalmente, a cana e a beterraba. Duas plantas que hoje passaram a ter importância mais pela sua capacidade, quando processada, de se transformar em combustível automotivo do que num produto comestível apreciado há séculos. Nesse último item, porém, a discussão que gira em torno desse alimento está relacionada ao seu alto teor calórico e aos efeitos colaterais que provoca. E, por conta disso, o seu uso moderado tornou-se obsessão da sociedade. Porém, há outros caminhos.

Quando os índios guaranis habitavam largamente a região onde hoje é a fronteira do Paraguai com o estado do Mato Grosso do Sul, notadamente na Serra do Amambaí, uma planta chamada estévia era utilizada por eles para adoçar bebidas. Ao contrário do açúcar, que chegou ao Brasil pelas mãos dos portugueses, logo que aportaram no Novo Mundo, a estévia é uma planta nativa daquela região. Conquistadores espanhóis que andaram por lá foram os primeiros a propagar seu uso. Porém, somente no século passado é que se intensificaram os estudos sobre a planta, ganhando interesse comercial.

A estévia possui propriedades edulcorantes em suas folhas, especificamente nas substâncias esteviosídeo e rebaudiosídeo. O esteviosídeo tem poder adoçante de 250 a 300 vezes superior à sacarose (açúcar de origem da cana-de-açúcar e da beterraba). O rebaudiosídeo é mais doce, com poder adoçante de 350 a 450 vezes superior à sacarose.

Ambas as substâncias — esteviosídeo e o rebaudiosídeo — não são metabolizadas pelo corpo humano, possuindo características excepcionais, como serem antidiabéticos, antiglicêmicos e anticáries. Por também não ser calórica, a estévia tornou-se adoçante dietético, mas com condições superiores aos outros existentes no mercado. Os adoçantes à base de sacarina, ciclamato, aspartame e sucralose são químicos artificiais e alguns deles são até proibidos ou sofrem restrições de uso nos Estados Unidos e Europa, por causarem problema à saúde.

No nível atual de tecnologia, a estévia tem-se tornado opção competitiva e saudável em relação à cana-de-açúcar e à beterraba na produção de edulcorantes. O Brasil, habitat da planta, tem potencial para isso. Resta maior conhecimento por parte dos consumidores.

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