CI

Os desafios econômicos do novo governo


Argemiro Luís Brum

Além dos problemas externos, que não são poucos, tipo a possibilidade de uma nova recessão junto às principais economias do mundo em 2023, o novo governo brasileiro terá enormes desafios internos. Na área fiscal, conciliar responsabilidade fiscal com responsabilidade social. Ou seja, saber cortar despesas para lançar programas sociais que diminuam a pobreza e a desigualdade, que aumentaram nestes últimos anos. Na área orçamentária, equacionar o problema de um orçamento, para 2023, aquém do necessário. Neste contexto, enfrentar o “orçamento secreto” criado pelo Congresso e que alimenta “déficits graves de controle e transparência, e sem nenhum compromisso com as políticas e programas nacionais (...) submetendo os interesses coletivos a lógicas de interesses particulares e paroquiais de legisladores...” (Conj. Econ. FGV, nov/22). Outra questão é a dívida pública, que apesar de recuar para 77,1% do PIB neste ano, está muito alta e com forte potencial de crescer até 95% no final do novo mandato. Lembrando que o recuo recente não é estrutural. Soma-se a isso a pressão para que seja reposto o ICMS, pelo menos na gasolina, fato que ajudará a realimentar a inflação, que continua latente. Na esteira de tal realidade, o Banco Central poderá elevar a Selic (ao invés de reduzi-la), acionando um freio à economia (as projeções de PIB para 2023 giram entre 0% e 1% apenas). Além disso, será preciso gerar programas sociais mais bem focados, dentro de um contexto de reformas estruturais consequentes, algo que não tivemos nestes últimos tempos. Igualmente, superar a precarização do mercado de trabalho, a qual vem pela melhoria significativa nos processos de educação e formação da população, praticamente abandonados no governo atual. Outro desafio é construir um processo de recuperação da indústria e dos setores produtivos que crescem com ela, seguido da necessidade de reduzir a inadimplência (incentivando os tomadores de crédito a honrar seus compromissos e, se houver subsídios estatais para isso, que venham sem comprometer as contas públicas). Enfim, há ainda a questão climática e as relações com a gestão da floresta amazônica e nossos diversos biomas, pois os estragos econômicos, materiais e humanos, devido ao descontrole climático, já estão, há algum tempo, em nossas vidas. Uma agenda e tanto!!!  

 

 

Assine a nossa newsletter e receba nossas notícias e informações direto no seu email

Usamos cookies para armazenar informações sobre como você usa o site para tornar sua experiência personalizada. Leia os nossos Termos de Uso e a Privacidade.