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Planejamento e execução - Primeiro atirar, depois colocar o alvo


Eleri Hamer
Planejar e executar sempre foram duas tarefas administrativas que deram dor de cabeça para os encarregados, gerentes e diretores.
Principalmente por que muitas vezes vêem dissociadas. Para quem é mais íntimo do exercício administrativo sabe que isso não funciona, ou pelo menos tem pouco resultado prático.
Para ser eficaz, deve haver um sincronismo entre planejar, desenvolver, controlar e agir corretivamente. O conhecido PDCA. Dito assim, isso parece tarefa fácil, mas na verdade não é.
A justificativa de que as atividades urbanas possuem facilidades de mensuração e controle para o planejamento sempre foi utilizada pelo meio rural. Neste setor apresenta-se uma dificuldade natural em executar o planejado além de apresentarem resistência à própria elaboração do planejamento.

Como as variáveis ambientais tem um peso significativo na execução dessas atividades, é comum que se dê maior importância do que elas realmente possuem.
Essa prática é utilizada muitas vezes quando na verdade fugimos da elaboração de um bom planejamento, que leva algum tempo, embora facilite muito a execução.
Tenho percebido que a resistência em fazer um bom planejamento e segui-lo para que traga os resultados esperados se dá com freqüência em função do modelo e gestão adotada.
O planejamento e execução eficazes são comuns em empresas que possuem gestão colaborativa e acabam sendo raros em modelos autoritários e autocráticos.
Nos modelos autoritários o planejamento aberto, a respectiva execução com suas avaliações que denotam controles sobre as atividades planejadas e executadas, podem colocar em xeque o gestor. Aqui chamado de chefe.
A explicação da resistência pode estar motivada na insegurança do chefe. De que o planejamento aberto pode cercear a sua liberdade de mando e colocá-lo em situação de saia justa ou mesmo expor as suas fragilidades aos subordinados. Esses chefes sempre preferem dar o tiro e depois colocar o alvo.
Justificar a necessidade um planejamento rigoroso parece tarefa ultrapassada nos dias de hoje, mas não é. Planejar na verdade é muito mais do que estabelecer objetivos e metas. É acima de tudo envolver e desenvolver as pessoas que necessariamente participarão da execução.
Em relação ao meio rural, quanto maior o número de variáveis aleatórias (aquelas em que não tenho condição de mensurar com rigor, como o clima por exemplo), mais importante é o planejamento.
A idéia comparativa é simples. Se formos fazer uma viagem e essa viagem é curta, de uma ou duas horas, a necessidade e o tempo gasto em planejar é pequeno.
Agora, se a viagem é longa, de vários dias, é naturalmente fundamental que se gaste um bom tempo para planejar os mínimos detalhes, simulando inclusive situações adversas, com a implementação de planos alternativos com locais para hospedagem, abastecimento e alimentação.

Outra crença é de que a execução é uma fase e a execução é outra, quando na verdade as duas devem ocorrer simultaneamente. Até porque o ambiente se altera e é dinâmico.
Essa crença é muitas vezes utilizada pelos críticos do planejamento, quando afirmam que o planejado nunca confere com o realizado. O que de certo modo condiz com a realidade, uma vez que nenhum planejamento é ad eternum. Ele precisa ser revisto e reajustado à medida que vai sendo implantado.
Isso explica talvez porque algumas empresas gastam bom volume de recursos para elaborar diagnósticos e planejamentos estratégicos que muitas vezes acabam nas gavetas. Quando são utilizados, perderam o significado.
Para que o planejamento se torne estratégico ele necessita ocupar a devida importância nas atividades diárias. Alocando os melhores profissionais e a genuína intenção também na execução. Essa última dada pela direção.
 
Eleri Hamer é Mestre em Agronegócios, Professor de Graduação e Pós-Graduação do CESUR, desenvolve Palestras, Educação Executiva e Consultorias em Gestão Empresarial e Agronegócio. Home-page: www.elerihamer.com.br E-mail: [email protected]

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