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Prevenção: Palavra-Chave Quando o Assunto é Mastite!


Anna Thais Gomes

Hoje, quando falamos em bovinocultura de leite, logo pensamos na Mastite. Não só pelas limitações que essa doença oferece mas também pelas enormes perdas que ela representa em todo um processo produtivo.

A mastite é caracterizada por uma inflamação na glândula mamária que traz prejuízos relacionados ao alto custo com o tratamento além do decréscimo na produção e na qualidade do leite. Dentre as principais alterações na qualidade, estão o aumento na CCS – Contagem de Células Somáticas e diminuição do teor de sólidos totais, modificações físico-químicas que ocorrem e que alteram o valor e a qualidade nutricional do produto.

Além de todas as dificuldades encontradas no campo para controlar a doença de forma efetiva, o produtor precisa ainda assumir o prejuízo da má qualidade do leite e do descarte ocasionado pela presença de resíduos durante o período de carência.

É uma doença causada por bactérias e entre as mais frequentemente isoladas podemos citar: Staphylococcus aureus, Streptococcus agalctiae, Streptococcus dysagalactiae, Streptococcus uberis e Escherichia coli.

Por ter origem bacteriana, é de fácil disseminação e difícil controle, sendo hoje a doença que representa as maiores perdas econômicas para a bovinocultura de leite.Uma vaca com mastite pode ter sua produção reduzida entre 15 e 20 %, o que segundo Santos (2003) significa um total de 2,8 bilhões de litros de leite a menos por ano.

É divida em duas formas na sua apresentação: clínica e subclínica e pode ser de origem ambiental e/ou contagiosa. Porém, independente da forma de apresentação, é uma doença que requer muita cautela e principalmente, manejo profilático adequado em todas as fases do processo produtivo.

A forma clínica é geralmente identificada através de edema e inchaço no úbere, aumento de temperatura, além de alterações físicas no leite, tais como presença de grumos, pus e/ou sangue, dependendo do quadro clínico da doença.

Já sua forma subclínica só é detectada por meio de testes, não sendo visível a olho nu, o que dificulta seu tratamento e controle e aumenta ainda mais o prejuízo para o produtor de leite. Esta forma da doença é a mais comum e responde por cerca de 70% das perdas, por reduzir em até 45% a secreção de leite. Além disso, é responsável pelas principais mudanças na composição do leite, com diminuição das concentrações de proteína, gordura, lactose, minerais, enzimas e aumento na CCS – Contagem de Células Somáticas, afetando diretamente a sua qualidade.

Estas alterações, que ocorrem devido ao aumento na permeabilidade vascular do alvéolo secretor e permitem a passagem de substâncias (sódio, cloro, imunoglobulinas, proteínas séricas, etc) do sangue para o leite, diminuem a qualidade e o rendimento do leite e por vezes causam sua condenação na plataforma do laticínio.

Para exemplificar, alguns levantamentos realizados por Nader Filho et al. (1985) e Baldassi et al. (1991) dão conta de que, no Brasil, 11,9 a 58,8% das vacas infectadas por mastite apresentam a forma subclínica, e com o agravante de que todos os rebanhos leiteiros manifestam esta forma da doença em maior ou menor grau.

Isso se deve ao fato de que vacas portadoras de mastite subclínica, são na verdade, grandes reservatórios de microorganismos que facilmente são disseminados de uma vaca infectada para outra sadia, quando da ausência de manejo profilático higiênico-sanitário na propriedade.

Outro índice bastante utilizado para indicar a presença de mastite subclínica nos rebanhos brasileiros é a alta CCS.

A contagem de células somáticas individual ou do tanque tem sido utilizada não só pelos laticínios mas também pelos produtores, como indicativo de sanidade do rebanho, já que através dela pode-se estimar a quantidade de animais e quartos mamários infectados com a doença e a respectiva queda na produção de leite naquela lactação.

Serve também como medida padrão de qualidade, já que está diretamente relacionada com a composição, rendimento e segurança alimentar do produto no mercado lácteo, que, por sua vez, está cada vez mais exigente visto às preferências atuais do consumidor.

Hoje, por causa da alta demanda e até mesmo com o intuito de incentivar o produtor a monitorar constantemente a qualidade na gestão do seu negócio, a CCS já tem sido utilizada como critério de pagamento do leite por alguns laticínios.

Porém, o Brasil ainda está longe de alcançar as médias de CCS de outros países grandes produtores de leite, como a Nova Zelândia e a Austrália, por exemplo.

Para termos uma idéia da situação brasileira em relação à CCS, a média dos rebanhos está hoje em torno de 800.000 células/ml de leite, mesmo com a regulamentação já em vigor da IN 51, que limita a CCS do leite para 750 mil células/ml desde julho de 2008. Isso demonstra que ainda há um longo caminho a percorrer para efetivamente controlar a mastite nas explorações leiteiras do país, já que uma CCS acima de 200.000 células/ml já é indicativo da doença em pelo menos um quarto mamário.

Souza e Brito (2007) apontaram como fatores de risco para CCS acima de 200.000 células/ml, procedimentos inadequados de higiene durante a ordenha, aplicação de antibióticos via intramamária, falta de manutenção do equipamento de ordenha, ausência de treinamento de funcionários da propriedade e ausência de suporte laboratorial para diagnóstico microbiológico da mastite.

Outros aspectos como época do ano, raça, capacidade de produção, número de lactações, estresse, deficiências nutricionais, condições climáticas, presença de doenças, também podem interferir diretamente na CCS.

Baseado nestes fatos, pode-se concluir que a prevenção é fator determinante para diminuir a CCS, controlar a mastite,melhorar a qualidade do leite e conseguir competitividade no mercado lácteo mundial.

Müller (2002) pontua que um bom programa de controle deve priorizar: a erradicação das mastites contagiosas por Streptococcus agalactiae, o controle das infecções por Staphylococcus aureus, a manutenção de baixos índices de mastites ambientais, contagens de células somáticas abaixo de 200.000/mL/leite, menos de 2% de episódios clínicos ao mês e 85% das vacas livres de mastite subclínica.

E não há outra maneira de fazer isso senão primar pela utilização de práticas adequadas de manejo, diga-se de passagem, racional, para garantir a manutenção do equilíbrio e do bem-estar.

O que seriam então estas “práticas adequadas de manejo racional?”

Primeiramente, devemos pensar em Bem-Estar e conforto animal. Se priorizarmos estes dois itens, automaticamente mudamos o manejo. Isto significa que, quando decidimos prezar pelo manejo sanitário, ambiental, genético, nutricional, etc. de forma correta, os animais são os primeiros a sentirem a diferença e a responderem isso em ganhos na produção e na melhora da resistência orgânica em geral, o que por sua vez diminui a susceptibilidade destes animais em desenvolverem doenças e ajuda muito na hora da prevenção.

O que devemos ter em mente é que, mesmo que o produtor cumpra rigorosamente todos os aspectos higiênico-sanitários, nutricionais, etc., porém se esqueça de aspectos básicos de conforto, como por exemplo, área mínima de cocho, qualidade e quantidade de água disponível, ele pode estar contribuindo para o desequilíbrio orgânico do animal e dificultando o manejo preventivo, já que a resistência do animal não pode ser esquecida quando falamos de prevenção.

Devemos nos ater ao fato de que a Mastite está vinculada à tríade: animal (hospedeiro), agente etiológico e meio ambiente, sendo então, de origem multifatorial, onde o sistema imunológico do animal pode ou não ser fator decisivo para o desencadeamento da doença.

Lembremos que é através de um sistema imunológico debilitado e suprimido, que há a predominância e proliferação dos agentes etiológicos no ambiente, seja ele externo ou interno, completando então o complexo tripé animal, agente e meio ambiente.

Fica claro então, que a prevenção deve englobar todos os fatores citados acima, porém deve ser sempre planejada priorizando o animal e sua saúde.

Hoje o produtor possui ferramentas capazes de auxiliá-lo na prevenção de diversas enfermidades. O tratamento homeopático dos animais de produção não só já existe como tem exercido papel importante no controle de doenças até então curáveis apenas com o tratamento alopático.

Esta possibilidade de atuar profilaticamente através do aumento da resistência orgânica dos animais é que tem levado muitos produtores a escolherem a Homeopatia Populacional na hora de tratar os seus animais.

A prevenção oferecida pelo uso contínuo do tratamento homeopático feito diretamente no cocho, junto com a alimentação dos animais, não só controla doenças como a mastite como também favorece o aumento da produtividade. Tudo por conta do equilíbrio orgânico, fundamental quando o assunto é susceptibilidade e predisposição ao desenvolvimento de enfermidades.

Além disso, ao poupar o animal do estresse da cura, com antimicrobianos injetáveis, por exemplo, a Homeopatia Populacional mostra também a preocupação e o respeito pelo bem-estar e conforto dos animais. E, ainda que, em determinadas situações haja a necessidade da cura, não será preciso lançar mão dos medicamentos convencionais geralmente utilizados.

Apenas com o aumento da dosagem do produto homeopático, já se tem a ação curativa e específica de determinada doença, o que significa que o animal é poupado do estresse e o produtor, poupado do imenso prejuízo relacionado ao descarte do leite quando da utilização de tratamentos alopáticos.

Todas estas vantagens, oferecidas de forma simples pela Homeopatia Populacional, têm sido comprovadas diariamente no campo, fazendo cair por terra todos os mitos acerca de sua eficiência no tratamento de animais de produção.

Assim, toda vez que se pensar em prevenção, qualidade, saúde e produtividade, logo nos remetemos a uma tecnologia que jamais será distante do dia-a-dia e da realidade do produtor. Tecnologia esta, que os aproxima do tão sonhado sucesso na atividade que escolheram para sua vida. Isto sim é ciência.

REFERÊNCIAS:

BALDASSI, L.; FERNANDES FILHO, M.; HIPÓLITO, M.; MOULIN, A.A.P.; CALIL, E.M.B.; PIRES, D.C. Etiologia da mastite subclínica na bacia leiteira de Ribeirão Preto, Estado de São Paulo. Arquivos do Instituto Biológico v.58, p.29-36, 1991

MÜLLER, E. E. Qualidade do leite, Células Somáticas e prevenção da mastite. In: SIMPÓSIO SOBRE SUSTENTABILIDADE DA PECUÁRIA LEITEIRA NA REGIÃO SUL DO BRASIL, 2002, Maringá. Anais... Maringá: UEM, 2002. p. 206-217.

NADER FILHO, A.; SCHOKEN-ITURRINO, R.P.; ROSSI JÚNIOR, O.D.; CEMBRANELLI, E.M. Prevalência e etiologia da mastite bovina na região de Ribeirão Preto, São Paulo. Pesquisa Veterinária Brasileira, v.5, p.53-56, 1985.

SANTOS, M.V. Impacto econômico da mastite bovina. A hora veterinária, v.22, n.131. p. 46-50, 2003.

SOUZA, G. N. ; BRITO, J.R.F. Fatores de risco para contagem de células somáticas. Panorama do leite on line. Ano 2, n.14, dez/2007. Disponível em http://www.cileite.com.br/panorama/qualidade14.html. Acesso em 04/2009.

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