
Neste artigo alguns aspectos sobre os produtos transgênicos serão apresentados, pois apesar do grande número de reportagens apresentado a respeito, muitas dúvidas e receios ainda não foram devidamente esclarecidas ao público em geral.
Um organismo geneticamente modificado (OGM), explicado de forma simples, é aquele que recebe em seu material genético um ou mais genes de outro organismo de espécie diferente, cuja transferência na natureza seria impossível. Este OGM pode ser um microrganismo, um vegetal ou um animal, sempre de interesse para o homem. Talvez o maior temor observado na população tenha surgido por ouvir que a técnica envolve a transferência e incorporação dos genes por mecanismos biotecnológicos, levando a acreditar que ao ingerir um produto derivado de um OGM, a pessoa incorporará em seu material genético o “gene transgênico”, tornando-se um mutante. Então torna-se fundamental esclarecer que este fato é impossível, pois nos processos digestivos ocorrem as quebras de todas as moléculas genética ingeridas, com isso a estrutura original, que é o que tem causado tanta discussão, é quebrada, não sendo mais capaz de causar qualquer dano. Mas então por quê tantos temores? Talvez por uma distorção do fato da possibilidade ou não da produção e acúmulo de substâncias secundárias em OGM’s que podem ser tóxicas ao homem. Isso ocorre devido as proporções microscópicas dos genes manipulados, portanto, o homem em alguns casos não está transportando para dentro do OGM apenas um gene, mas um conjunto destes, muitos com funções previamente desconhecidas, e estes ao serem inseridos no material genético do futuro OGM, podem ser ativados, começando a produzir e acumular substâncias indesejáveis. Neste caso, deve se ter o cuidado não pela possibilidade das pessoas se tornarem mutantes devido ao consumo de produtos derivados de OGM’s e, sim em raríssimos casos, por estarem consumindo produtos com substâncias que podem causar intoxicações. Um exemplo hipotético seria uma beterraba com um gene para alta produção de vitamina C, apresentado, também um outro gene que induz a produção e acúmulo de lactose nas raízes. Este produto causaria problemas à pessoas que apresentam alergia ao leite de vaca. Para tanto, testes exaustivos para verificar a composição do OGM devem ser realizados antes da liberação de qualquer produto transgênico para o mercado.
Uma mudança importante que deve ser ressaltada são os objetivos visados nos OGM’s vegetais, antes buscava-se resistência a defensivos agrícolas, beneficiando em muito as empresas, agora o maior beneficiário visado é o público consumidor, desejando-se elevar a qualidade do produto em termos nutricionais, através da transformação genética, produzindo vegetais mais nutritivos.
Gilberto Ken-Iti Yokomizo
Pesquisador Embrapa Amapá
Doutor em Genética e Melhoramento de Plantas