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REVIRAVOLTA NO CAMPO


Ricardo Moncorvo Tonet

                        Os processos de produção agropecuária modernos, compreendem uma série de atividades, ações e gerenciamento muito semelhantes aos utilizados nos processos produtivos industriais.

                        Assim, utilizando – se de uma série de insumos externos, passamos pelo processo produtivo em si, chegando ao pronto, normalmente padronizado, passando por algum tipo de processamento, para atender às regras do mercado.

                        Dentre os insumos externos, estão os fertilizantes químicos (muitos deles dependentes da cadeia do petróleo); os defensivos agrícolas (inseticidas, fungicidas, herbicidas, etc.); as máquinas e equipamentos agrícolas e porque não considerar ainda, o crédito rural e mão – de – obra contratada?

                        Não podemos esquecer da importância dos fertilizantes químicos, defensivos agrícolas (ou agrotóxicos, como preferem alguns), e máquinas e equipamentos agrícolas no sentido de possibilitar o aumento da produção e da produtividade de alimentos, sem os quais, possivelmente, estaríamos vivendo uma situação de fome globalizada.

                        Por outro lado, não é nosso objetivo agora, discutirmos os problemas decorrentes do uso desses insumos, alardeados por parte da sociedade, como o êxodo rural, empobrecimento das comunidades rurais tradicionais e degradação ambiental.

                        Mas, sem dúvida, precisamos passar por uma nova reviravolta no campo, tendo com atores os grandes empresários rurais, quase sempre produtores de commodities agrícolas e os agricultores de base familiar, quase sempre produtores de alimentos básicos, esses últimos com necessidades mais urgentes de transformação.

                        Uma das mudanças necessárias está na diminuição da necessidade dos insumos externos.

                        Para tal, não por puro romantismo, devemos repensar a utilização de técnicas antigamente adotadas e, atualmente um pouco esquecidas, como a compostagem, a cobertura do solo (mulching, adubação verde); técnicas mecânicas e culturais no controle de pragas, doenças e plantas infestantes e diversificação da produção agrícola e pecuária de forma integrada na propriedade.

                        Além de reaver esses conceitos, outras alternativas dentro dos conceitos agroecológicas, como a produção orgânica, a produção integrada e os sistemas agroflorestais devem ser estimulados pela pesquisa e extensão, com o objetivo de prover de informações os produtores rurais.

                        Outro aspecto que deve ser considerado, é estimular a observação por parte dos produtores, para verificar, por exemplo, a época de florescimento, a época de ocorrência de pragas, fatores climáticos que antecederam a ocorrência de uma doença fúngica, utilizando –se desse conhecimento adquirido, com o tempo para a sua tomada de decisão.

                        Não queremos com isso desestimular o uso de práticas e técnicas agronômicas estabelecidas, muito pelo contrário, devemos continuar a recomendar o uso de adubação e calagem, de acordo com análise do solo, a recomendar o uso de defensivos agrícolas para o controle de uma praga ou doença, quando necessário.

                        Mas, devemos repensar o negócio agrícola, nem tanto como uma “indústria” na produção de alimentos e energia, mas como um sistema agroecológico, menos dependente de insumos externos e, também voltado para a preservação ambiental e da paisagem, e a valorização do espaço rural, como moradia lazer e geração de emprego e renda.
 
 

Eng. Agr. Ricardo Moncorvo Tonet

Casa da Agricultura de Amparo

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