CI

SER CAIPIRA


Paulo Lot Calixto Lemos

"Camponês", "caboclo", "caipira", "roceiro", "sertanejo", "capiau",... Com que nomes ou símbolos reais ou ilusórios, essa gente rural dos sertões de ontem e de hoje habita o nosso imaginário? Que homem caipira real existiu e existe ainda hoje nas grandes cidades, e que personagem dele há dentro de cada um de nós? O lavrador rústico cuja lavoura substituiu a dos índios? O Jeca Tatu? O povoador e desbravador de sucessivas fronteiras agrícolas? Ou tipos engraçados, como Mazzaropi, Alvarenga ou Ranchinho? Ora, de alguns anos para cá, o rádio, o disco, o cinema e a televisão multiplicaram tipos sertanejos, tornando-os algumas vezes modernos, envolvidos em grandes projetos e habituados com novas tecnologias, ou em outras, mostrando-os caricatos, bobalhões e dependentes. Afinal, o que seria realmente “ser caipira?”.Nos, que vivemos na cidade, procuramos sempre adotar os modos de ser, pensar e agir que nos parecem mais civilizados, no entanto, vivemos na verdade sob a implacável tirania ditada pela “moda do dia”, seja ela a roupa, a dança, a musica, a gíria ou o automóvel, enfim, vivemos sob a tutela das regras da etiqueta “importada” e dos objetos consumistas de toda ordem. Como conseqüência, se entramos em contato com um grupo ou com uma pessoa que não vive uma ditadura tão ferrenha assim, costumamos dizer que tais pessoas são caipiras, querendo dizer que são atrasadas e um tanto quanto ridículas. Porem devemos pensar no caipira como o homem que manteve a herança cultural portuguesa nas suas formas mais antigas. Na verdade o caipira é o produto da transformação do aventureiro seminômade em agricultor precário, acontecida na esteira da onda das penetrações bandeirantes ocorridas a partir dos séculos XXVII e XXVIII e, que definiram uma extensa área que compreende os estados de São Paulo, de Minas Gerais, sul do Goiás, Mato Grosso, norte do Paraná e zonas rurais do Rio de Janeiro e Espírito Santo. Portanto, todos nós brasileiros, possuímos em nossas raízes o espírito caipira vivo em nosso inconsciente ou ainda materializado no sangue de nossas veias.

Paulo Lot Calixto Lemos

Assine a nossa newsletter e receba nossas notícias e informações direto no seu email

Usamos cookies para armazenar informações sobre como você usa o site para tornar sua experiência personalizada. Leia os nossos Termos de Uso e a Privacidade.