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Silagem de Milho diferenciada


Paulo Lot Calixto Lemos

A tecnologia de ensilagem do grão de milho úmido, como forma de armazenamento do milho na própria fazenda, já é bem conhecida e utilizada, especialmente na região sul do país, onde é usada principalmente na suinocultura. Entretanto, para ruminantes, tal processo resolveria apenas a questão do grão e, muitas vezes o grande gargalho de um projeto de engorda em confinamento total, é a produção do volumoso, ou seja, da “fibra”. Principalmente nesses novos tempos do chamado “boi orgânico ou boi ecológico”.

Assim sendo, na tentativa de atender essa necessidade, reduzir custos e racionalizar a operaçionalidade do confinamento, desenvolvemos em conjunto com o senhor Mauro Rezende, tradicional confinador da cidade de Campo Belo/MG, uma nova técnica que consiste na utilização de uma silagem de milho diferenciada, que resolvesse ao mesmo tempo, tanto o problema do grão como o da fibra. Ou seja, que “matasse os dois coelhos com uma só paulada”.

Resumidamente, o processo de confecção dessa silagem consiste em colher o material mais tardiamente que o normal, quando os grãos de milho já estão maduros fisiologicamente, portanto já apresentando sua composição nutricional definitiva, porém contendo ainda cerca com 40º de umidade. O material colhido é composto apenas pela parte superior da planta, a colheitadeira deve ser regulada para colher a cerca de 80 cm do solo, portanto fica na terra o que é bom para a terra (matéria orgânica, potássio, etc.) e vai para o boi apenas o que é bom para ele (material com alta concentração de grãos e folhas – fibra de ótima qualidade, altos níveis de proteína e energia).

Alguns requisitos se fazem necessários para o sucesso do emprego de tal tecnologia, o principal deles seria a vocação do produtor para a agricultura. Pois, é de extrema importância a escolha correta da variedade da semente de milho, a correção adequada do ph do solo, as adubações e os tratos culturais sempre aplicados corretamente, a tempo e à hora e que o processo de ensilagem seja ágil e muito bem feito. Enfim, que a lavoura seja encarada como um empreendimento destinado à produção máxima de grãos, e a partir uma variedade de sementes que apresente plantas de bom “stay green”, ou seja, plantas que no momento da colheita, apesar de tardia, ainda estejam verdes.

Através de experiências comparativas, chegamos a conclusão que existe uma quebra da produção de Matéria Verde (MV) da silagem diferenciada em relação à silagem tradicional na ordem de 15%, porém em Matéria Seca (MS) não existe perca alguma, pelo contrario, existe até algum ganho. Exemplo:

- Produção de MV para silagem convencional: 50 tons./ha. com 32% de MS = 16,0 tons/ha de MS.

- Produção de MV para silagem diferenciada: 42,5 tons./ha. com 38% de MS = 16,15 tons/ha de MS.

Em termos de custo de produção, no caso especifico do Sr. Mauro Rezende, o hectare colhido e ensilado fica em cerca de US$600, 00, portanto o custo por tonelada de MV produzida fica em US$14,00 e o de MS em R$37, 00, contra um custo por tonelada MV de R$12,00 e de MS de R$37,50 no caso da silagem convencional. Porem, outras vantagens técnicas e econômicas que nos levaram a esta inovação:

- Dificuldade local para secagem e armazenagem adequada do milho em grão.(falta de galpões, silos graneleiros, secadores, etc.) e conseqüente economia com a eliminação de tais despesas.

- Economia com a eliminação dos transportes de ida e volta do milho em grão da fazenda ao secador/armazém (cidade) e vice versa.

- Economia decorrente da eliminação do aparecimento de fungos, carunchos, roedores, etc, que provocam inevitáveis perdas durante a estocagem de cereais.

- Economia de mão de obra e energia, proporcionada pela não necessidade da moagem do grão de milho e da simplificação da dieta.

- Racionalização da mão de obra, dos custos operacionais e nutricionais do empreendimento, visto que, o complemento concentrado necessário no caso, será bem menor, pois o milho já está sendo fornecido na forma de silagem. Portanto será suficiente cerca 2,0 kg/cab./dia de um concentrado que contenha um mínimo de 32% de proteína bruta.

- Melhoria da digestibilidade do grão, alcançada quando o mesmo é armazenado ensilado anaerobicamente.

- Produção mesmo em confinamento, do chamado “boi verde” pois, ao contrario do que ocorre nos EUA, onde as dietas de confinamento consistem em aproximadamente 90% de concentrados e apenas 10% de volumosos, desprezando a formidável e exclusiva característica dos ruminantes de transformar “fibras” em carne ou leite, promovemos desta outra forma significativa potencialização desta incrível capacidade, reduzindo substancialmente os custos de produção.

- Significativa redução do custo por arroba produzida. Já por 3 anos consecutivos, trabalhando com animais de boa qualidade (nelores e cruzamentos industriais) o ganho de peso fechou em média 1,72 kg/boi/dia, ou 1,84 @ /mês, considerando 53,5% de rendimento de carcaça.

- A dieta básica utilizada nesses anos, utilizando animais com 24 meses de idade, pesando em media 360 kg de peso vivo inicial (12,0@) e 532 kg de PV final (19,0@ com 53,5% rend. carcaça) e um consumo médio de MS de 10,5 kg/cab/dia ao longo do período de 100 dias, foi a seguinte:

- Silagem diferenciada : .....92%

- Farelo de soja : .....03%

- Caroço de algodão : ......04%

- Confinamil-RM* : ......,01%

- TOTAL .................. : 100%

* Confinamil-RM : núcleo mineral – vitamínico enriquecido com uréia, tamponantes, antiestressantes e o promotor de ganho de peso RUMENSIN, produzido pela FREPAL - SALUTTI Insumos agropecuários Ltda.

Paulo Lot Calixto Lemos

(Méd. Veterinário-Nutricionista).

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