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Soja: e o futuro?


Argemiro Luís Brum

Em termos nominais estamos vivendo a melhor safra de soja da história. Uma produção recorde, tanto no Brasil quanto no RS, e preços recordes. Neste último caso, contrariando as tendências do final do ano passado, já que o Real continuou fortemente desvalorizado e Chicago se manteve firme, tendo chegado em abril com o bushel se aproximando dos US$ 16,00, algo somente visto em 2012.

No caso de Chicago, muito se deve à disparada do óleo de soja, na medida em que a libra-peso chegou a bater em 68,95 centavos de dólar no final de abril, algo que não era visto desde o início de março de 2008.

Dito isso, o cenário futuro exige observar os seguintes aspectos:

1) os atuais preços em Chicago, em boa parte, se constituem em bolha especulativa em cima do clima nos EUA, neste início de plantio de sua nova safra, associado ao fundamento dos baixíssimos estoques de passagem naquele país;

2) os custos de produção da próxima safra serão ainda mais elevados, e dificilmente recuarão;

3) se olharmos para as cotações na CBOT, neste fim de abril, verificamos que, entre o primeiro mês (maio) e o segundo mês (julho) o grão tem uma redução de 2,9% e sobre novembro, quando ocorre a colheita nos EUA, a redução é de 17,2%. Já no óleo de soja a diferença entre os dois primeiros meses é de uma redução de 12,7% em seu valor, enquanto sobre novembro a redução aumenta para 35,4%;

4) portanto, há sinais de que, em o clima transcorrendo bem nos EUA, as cotações tendem a recuar para níveis bem mais normais, mesmo porque a demanda começa a reagir diante de preços tão altos, com a China, por exemplo, buscando alternativas mais baratas para compor suas rações animais, em substituição parcialmente à soja e o milho;

5) no Brasil, espera-se que o câmbio feche o ano entre R$ 5,20 e R$ 5,40 por dólar, na medida em que a Selic começou a ser aumentada, tendo chegado a R$ 5,34 no final de abril. Assim, embora este quadro seja dinâmico, podendo se modificar rapidamente ao sabor da especulação e das políticas internas brasileiras, é preciso precaução dos produtores, pois a rentabilidade da soja em 2022, na comparação ao quadro excepcional do corrente ano, pode ser menor. Isso exige mais atenção na gestão das empresas rurais, assim como a continuidade no escalonamento da comercialização visando a realização de uma boa média de preços.


 

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