CI

Soja: qual a projeção?


IZNER HANNA GARCIA

O que é Especulação Financeira? Aprenda a Não Perder Dinheiro!

SOJA: QUAL A PROJEÇÃO?

“O preço do barril de petróleo cai 4,5%, para 106 dólares o barril depois de saber que a administração Biden está a ponderar um plano para libertar parte das reservas estratégicas e assim combater o aumento dos preços da gasolina. com o assunto. Segundo as agências Reuters e Bloomberg, o volume de reservas liberadas pode chegar a 180 milhões de barris, EQUIVALENTE AO CONSUMO MUNDIAL DE DOIS DIAS. O preço do petróleo continua mais de 11% acima dos níveis registrados antes do início da invasão russa da Ucrânia.”

https://cincodias.elpais.com/cincodias/2022/03/31/economia/1648706271_240312.html

Lendo a manchete de 31 de março parece-nos, assoberbados por tanta informação, que a liberação de reservas estratégicas de petróleo é um fato relevante a ser tomado em conta, afinal 180 milhões de barris é um número absoluto grande.

Mas, em continuidade, quando você coloca esse número no contexto de que são apenas 2 dias de consumo, a notícia quase soa como uma piada de mau gosto.

Tal e tal a notícia sobre a liberação dos estoques de soja pela China: da mesma forma apenas 1 dia e ½ de consumo.

Fica patente que, em geral, estamos vivendo um momento em que a especulação, os especuladores nos escritórios financeiros das mesas de tradings e bancos, 'tomaram' os mercados não financeiros e estão jogando (irresponsavelmente) com e contra todos nós.

Assim, em termos práticos, estamos passando por um contexto muito complicado (seja pela quebra da safra da América do Sul da ordem de 33 milhões de toneladas somando Brasil, Argentina e Paraguai; seja pela guerra Rússia x Ucrânia que tira do mercado dois importantes produtores e exportadores de milho e trigo e também torna o fornecimento de energia - gás e petróleo - incerto para a Europa) e, no Ocidente, a especulação puramente financeira assumindo o comando e narrativa da crise.

Que fique claro: a especulação financeira não é ruim por si só. É um instrumento e parte do sistema como um todo importante.

Contudo, quando a especulação financeira assume o no comando das decisões, quando dita o curso da política, quando cresce ao ponto de ser a única decisão que importa, a situação é terrivelmente desestabilizadora e prejudicial à economia que, enfim, não só uma mesa de trading.

Estamos vivendo um momento único desde o dia 2. Guerra Mundial onde os EUA eram o poder indiscutível. Assistimos não à queda do Império Norte-Americano, mas à divisão do poder em esferas, sendo inegável a ascensão da China, seguida da Índia.

Nesse caso, a Rússia é o agente de ruptura, o ponto de virada que leva a essa situação precipitadamente.

O uso, pelos EUA, de sanções econômicas e financeiras contra a Rússia, além do duro golpe para a própria Rússia, terá como consequência o incentivo de medidas (já em andamento) para reduzir o uso do dólar como moeda internacional.

Não é demais lembrar que grande parte do mundo (principalmente China, Índia, Oriente Médio e Sudeste Asiático) não seguiu as sanções dos EUA.

Também é de se observar que nem mesmo Israel (aliado histórico dos EUA) adotou sanções contra a Rússia. A atenção a esse fato é fundamental, entendendo a inserção internacional de Israel no mundo geopolítico.

Em definitivo não se pode asseverar se essas sanções são piores à Rússia ou, em última análise, para o próprio EUA no médio prazo.

A guerra, que realmente deve ser vista como entre Rússia x EUA/Europa, é excelente para China e Índia, que, sem sofrerem os efeitos adversos vão, ao contrário, ganhando privilégios nas negociações com a Rússia e passando ao largo dos custos que Europa principalmente passa a enfrentar.

Em suma, a guerra e as suas consequências (com a adoção de medidas financeiras) traduziram-se num acelerado efeito de solapar a até então liderança financeira do dólar no mundo e nas relações comerciais internacionais, a favor do Oriente.

Por outro lado, a partir de agora, dia a dia, a situação no Ocidente (EUA e Europa) vai piorar, pois há um aumento brutal do custo de vida e, portanto, uma erosão dos governantes ocidentais que dependem da aprovação de seus sociedades em eleições, ao contrário da China e da Rússia.

Europa? É a primeira e mais atingida por esta crise.

Veja-se a situação da Alemanha que já inicia a acender as luzes amarelas devido ao problema de abastecimento de gás.

A BASF (maior planta química da Alemanha) alertou ontem que pode interromper a produção por falta de gás.

Esta situação não é particular da BASF mas de toda indústria alemã.

A afirmação de que os EUA vão abastecer a Europa com gás por navios é outra piada de mau gosto que só faz sentido nas manchetes dos jornais e, novamente, nos escritórios financeiros dos especuladores.

Assim, o que resta é que – falando em relação aos grãos – há uma situação de baixos estoques, uma grande quebra de produção na América do Sul e uma guerra que afeta não só a produção (principalmente trigo e milho), mas também a logística.

Um ponto importante: os preços do petróleo e insumos agrícolas e fertilizantes.

A guerra afeta diretamente este ponto já que Rússia e Ucrânia são importantes fornecedores.

Assim, além de considerar uma oferta "ajustada" de grãos em relação à demanda, temos que pensar que novas safras (a começar pela norte-americana) serão plantadas em outros patamares de custo.

É preciso estar atento ao custo e não apenas ao preço final de venda do produto.

O preço atual dos grãos é excepcional se olharmos para o passado. Mas a pergunta deve ser: o preço é tão excepcional se levarmos em conta os custos atuais de plantio?

Nesse aspecto, outra variável é necessário avaliar: a relação da taxa de câmbio para outros países além dos EUA. Por exemplo, no Brasil, o real caiu em relação ao dólar. Isso fez com que o preço da saca de soja caísse, não em dólares, mas em reais que o produtor recebe. E, por outro lado, como o dólar caiu e os preços do petróleo subiram (em reais), o produtor está pagando mais pelo combustível que usa para produzir.

Com o aumento dos custos de produção (já fato concreto com o aumento dos insumos e do petróleo) há dois caminhos a seguir: ou o produtor verá sua margem reduzida ou os preços terão que subir mais.

Assim, vivemos um momento muito volátil e os paradigmas do passado não se aplicam como soluções ao presente.

 

Izner Hanna Garcia, advogado, pós graduado FGV em Direito Empresarial, sócio do FAZENDAS NO URUGUAI.

[email protected]

https://fazendasnouruguai.com/

https://www.youtube.com/watch?v=az7mmt6zstA&list=PL3fec7DyBUADW8UjFG5dGhra0z4vhQZ8H

 

 

 

 

 

Assine a nossa newsletter e receba nossas notícias e informações direto no seu email

Usamos cookies para armazenar informações sobre como você usa o site para tornar sua experiência personalizada. Leia os nossos Termos de Uso e a Privacidade.