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Tailândia: o bom e o mau exemplo na Amazônia


Marcello Brito
            O município de Tailândia, situado no leste do estado do Pará, ganhou recentemente os holofotes da mídia após o início de operações da Polícia Federal para combater o desmatamento em virtude do desmantelamento de uma quadrilha. De uma hora para outra, a pequena cidade de pouco mais de 64 mil habitantes se transformou no símbolo da devastação da Amazônia. Mas, o que poucos sabem, é que a região também abriga iniciativas em prol da preservação ambiental, que merecem tanto destaque quanto foi dado à exploração ilegal de madeira.

            Cerca de 70% da economia de Tailândia giram em torno das madeireiras e carvoarias. Estima-se que tais atividades tenham resultado na perda de 60% da cobertura vegetal da cidade, que está inserida no chamado Arco do Desmatamento, região mais ameaçada da Amazônia Legal.
            O desafio é garantir a preservação das poucas áreas de floresta que ainda restam e, ao mesmo tempo, proporcionar aos brasileiros que ali vivem uma fonte de renda alternativa. Nesse sentido, Tailândia também é um bom exemplo a ser seguido.
            Existem na região reservas florestais com mais de 60 mil hectares mantidas pela iniciativa privada e monitoradas por respeitadas instituições científicas como é o caso da ONG Conservação Internacional e do departamento de Ornitologia da USP. Nessas áreas foram identificadas quase 400 espécies de aves e mamíferos de médio e grande portes, dentre elas 12 ameaçadas de extinção.
            Em paralelo, o plantio da palma (dendê) se apresenta como uma alternativa para o reflorestamento das áreas devastadas. Nesse sentido, já foram reflorestados mais de 12,5 mil hectares, iniciativa que também traz benefícios para a comunidade, já que essa cultura vem sendo também aplicada em programas de incentivo à agricultura familiar.

            Citado como case de sucesso até mesmo em publicações da Universidade de Harvard, o Projeto de Agricultura Familiar do Dendê, criado há cinco anos, já beneficia mais de uma centena de famílias que abandonaram a exploração ilegal de madeira e, com a produção da palma, garantem uma renda média superior a R$ 1.000,00 por mês. Além dessas famílias, outras 21 mil pessoas que vivem não só em Tailândia, mas também nas circunvizinhanças, têm se beneficiado direta e indiretamente do plantio da palma.
            Foi também a cadeia da palma -plantio e produção de óleo para o abastecimento dos mercados nacional e internacional- que permitiu o desenvolvimento de uma infra-estrutura de apoio na região, com a instalação de energia elétrica, abastecimento de água, assistência médica, criação de malha viária e até a construção de residências. Medidas que vêm gerando receita e proporcionando melhoria de vida aos trabalhadores.
            Como se vê, há muito a ser combatido em Tailândia, mas também é possível ter orgulho de iniciativas sérias e responsáveis. Uma situação tão contrastante quanto o próprio país que a abriga.

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