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Tecnologia e desenvolvimento organizacional não são prioridade


Eleri Hamer

É sabido que, salvo na exceção dos lances de sorte, o desenvolvimento empresarial e, por conseguinte, de um país, vem precedido de bons investimentos em desenvolvimento pessoal e estrutural. Ao não ser feito cria um círculo vicioso que empobrece as empresas e o Estado, reduzindo ainda mais a capacidade de reação.

Para termos uma idéia da situação brasileira, o investimento médio em inovação tecnológica das empresas industriais brasileiras, obtidas na pesquisa sistemática do IBGE e apresentados como highlights da HSM Management, no. 55, de abril de 2008, dá mostras de alguns dados preocupantes:

(i)         O indicador de esforço inovativo que leva em consideração o investimento em atividades de inovação sobre a receita líquida das empresas o percentual aproximado é de 2,5%, notadamente díspar para as diferentes regiões brasileiras.

(ii)       Em relação às atividades específicas de P&D internos, normalmente vinculados ao desenvolvimento de novos produtos ou processos é menor do que 1% das receitas líquidas.

(iii)      Se analisado do ponto de vista do número de empresas que adotaram alguma inovação de produto ou processo, a média ronda os 30%, o que parece pouco dado o dinamismo do mercado atual.

(iv)     Do ponto de vista do registro de patentes e do suporte governamental para inovar, menos de 3% das empresas possuem alguma patente depositada e menos de 6% utilizam algum suporte governamental para inovar.

Já em relação à área pública, o investimento também não tem sido animador, como destacado no meu artigo anterior (no. 49, de 19 de abril).

A área de nanotecnologia por exemplo, uma das mais promissoras áreas de aplicação para humanidade, tem recebido investimentos pífios do Estado. Se os compararmos a outros países que tem o processo inovativo no sangue e os aplicam efetivamente nas políticas públicas, a disputa que já era desigual caminha para a desigualdade perversa.

No campo empresarial por exemplo, pode-se observar que essa realidade de baixa utilização de tecnologia é comum.

Como padrão, mesmo em empresas destacadas em seus setores, poucas utilizam modelos estatísticos para orientar suas decisões o que notadamente é mais preocupante nas pequenas e médias.

Embora pareça coisa de academia, garanto que se você contratar uma boa agência de marketing, verás que a primeira coisa que ela vai fazer é uma boa análise do desempenho estatístico de sua força de vendas ou o desempenho logístico dos seus fornecedores.

Não se iluda. Se você ou sua agência ainda não pensaram nisso, é bom começar a olhar para os lados e ver que algum concorrente está se aproximando e vai ocupar o seu espaço. Mais cedo ou mais tarde.

Esse é um dos motivos porque os matemáticos e estatísticos estão sendo assediados e remunerados a peso de ouro. Obviamente por aquelas empresas de ponta, de maneira especial as maiores.

O processo de aprendizagem no meio acadêmico também passa por isso. Os simuladores empresarias por exemplo, tem acelerado a interação entre teoria e prática. Nós mesmos, aqui no CESUR, temos adotado esta prática inovadora desde o ano passado, com excelentes resultados. Até mestrado em Simulação Gerencial tem se tornado realidade também no Brasil.

Nessa lógica, assim como as empresas procuram bons estagiários os melhores alunos também procuram boas empresas. Vale lembrar que ninguém tem mais todo o tempo do mundo para ficar horas em estágios, muitas vezes aturando chefes ultrapassados que auxiliam mais demonstrando inconscientemente “como não deve ser feito”.

Em outras palavras, as empresas querem encontrar bons profissionais no mercado, mas assim como o Estado, gastam muito pouco para preparar a sua força, ou melhor, seus cérebros de trabalho. Por outro lado, quando gastam o fazem de forma desordenada, sem planejamento.

Experimente tornar a sua empresa uma formadora de recursos humanos. Uma verdadeira escola de profissionais e verás que em breve os excelentes profissionais correrão para a sua empresa, porque verão nela possibilidade de desenvolvimento profissional.

Boas inovações nesta semana.
Eleri Hamer é Mestre em Agronegócios, Professor de Graduação e Pós-Graduação do CESUR, desenvolve Palestras, Educação Executiva e Consultorias em Gestão Empresarial e Agronegócio. Home-page: www.elerihamer.com.br E-mail: [email protected]

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