CI

Uma Evolução para a Extensão Rural


Ricardo Moncorvo Tonet
No mundo corporativo, seja em empresas privadas, seja em órgãos públicos as ações devem estar focadas nas atividades fim, buscando – se atingir metas e objetivos claros através de planejamentos de curto, médio e longo prazo, tendo com princípio sempre a satisfação do cliente, como consumidor, cidadão e pessoa.

Quando em órgãos públicos, estas primícias devem ser ainda mais claras e definidas buscando – se sempre a excelência no atendimento ao cidadão, visto que, de fato, são esses que pagam os seus salários.

No que se refere ao trabalho direcionado para as atividades de assistência técnica e extensão rural, os compromissos a serem assumidos com os produtores e comunidades rurais, nossos clientes diretos, mesmo que indiretamente esse trabalho repercuta em toda a sociedade, assumem aspectos ainda mais importantes e difíceis de serem conciliados, dada à distribuição espacial desses cidadãos no meio rural e a diversidade de cadeias produtivas que encontramos num mesmo município ou regional, apenas para citar algumas características desse universo.

É evidente a evolução no que se refere à participação, mesmo que ainda possa ser mais efetiva, desses atores nas tomadas de decisões, seja através dos Conselhos Municipais de Desenvolvimento Rural e dos Planos Municipais de Desenvolvimento Rural, que entendemos e acreditamos estão espelhando os anseios e desejos dessas comunidades rurais.

Mas e depois disso, o que fazer? Demandas diretamente relacionadas aos produtos agropecuários, estradas rurais, crédito rural, análise de solo, agrotóxicos, sementes...., objetos de ações específicas que a assistência técnica pode resolver. Mas, e o resto, talvez as necessidades mais urgentes e reclamadas, o que fazer? Telefonia celular na área rural, tratamento de esgoto, transporte, acesso à saúde e escolar pública, acesso a internet, lixo na área rural, lazer para jovens e crianças...e uma infinidade de outras necessidades apontadas. Para isso só um bom trabalho de extensão rural.

Agregar valor aos produtos, diferenciação de produtos, valorização do espaço rural como produtor de água estimulando o pagamento por serviços ambientais e a busca constante de ações de associativismo e cooperativismo são fundamentais na geração de emprego e renda.

Mas só isso não basta, a extensão rural, pública e privada, deve articular a nível municipal os diversos atores, produtores, comunidades rurais, órgãos públicos municipais, estaduais e federais, organizações não governamentais etc., para trabalharem juntos na busca de soluções adequadas, inclusive quando da necessidade de resolver conflitos de interesse como, por exemplo, o dilema produção – meio ambiente.

Para isso, não só o perfil do extensionista deve ser direcionado para esse trabalho, mas também as instituições de extensão rural devem buscar trilhar esse caminho, não medindo esforços para diminuir, por exemplo, as atividades meio e intensificando as ações diretas no campo, nos principais negócios agrícolas de cada município ou região, e nas comunidades rurais.

Nas próprias práticas extensionistas, não basta, por exemplo realizar uma palestra, um dia de campo ou outra técnica qualquer, faz-se necessário o acompanhamento periódico da evolução dos processos estimulados, o que muitas vezes torna – se difícil, quando não estão priorizadas as necessidades do meio rural.
Ainda, tão importante quanto, é manter um fluxo de informação ágil que chegue lá na ponta, no produtor e comunidades rurais para que os mesmos possam ter oportunidades.

Quase sempre, ações voltadas ao meio rural apresentam uma relação custo - benefício muito interessante, onde a disponibilidade de pouco dinheiro acarreta ótimos resultados. Por exemplo, muitas cidades tem investido valores relativamente elevados no tratamento de esgoto, com a construção de estações de tratamento, mas com valores muito menores, poderiam também estar fazendo um trabalho de saneamento na área rural, com a inclusão de fossas sépticas e com resultados efetivos na melhoria na águas superficiais e subterrâneas.

A organização política e social das comunidades e o fortalecimento das entidades representativas dos produtores passam a ser fundamental na busca por políticas públicas adequadas para o desenvolvimento sustentável do espaço rural, onde devemos lembrar sempre, que o elo mais importante de qualquer cadeia produtiva é o homem, o produtor rural.

E, para a extensão rural, não basta mais conhecer o pé de café, suas doenças e suas pragas, precisa evoluir para o conhecimento de toda a cadeia produtiva e principalmente dos direitos do cidadão rural.


Assine a nossa newsletter e receba nossas notícias e informações direto no seu email

Usamos cookies para armazenar informações sobre como você usa o site para tornar sua experiência personalizada. Leia os nossos Termos de Uso e a Privacidade.