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Histórico da cultura do arroz

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O arroz é considerado pela Organização Mundial de Alimentação e Agricultura (FAO) como um dos alimentos mais importantes para a nutrição humana. Ele tem um papel fundamental não apenas na luta contra a fome, mas também para a geração de emprego e renda a milhões de pessoas. O ano de 2004, por exemplo, foi considerado pela FAO como o Ano Internacional do Arroz. Trata-se do único cereal a receber tal distinção. Atualmente, cerca de 90% do arroz mundial é produzido e consumido nos países asiáticos.

O Brasil também se destaca por sua participação importante no fornecimento do produto, tanto ao mercado interno quanto ao externo. Muito difundido nos dias atuais, os primórdios do arroz não são muito precisos. Historiadores e cientistas relatam que o arroz já era cultivado por volta do ano 3.000 a.C., tendo como origens o sudeste da Ásia (espécie Oryza rufipogon) e a África Ocidental (Oryza barthii) (Figura 1).

Figura 1 - Especies Oryza rufipogon e Oryza barthii.

 Origem africana

Da África originou-se a espécie Oryza glaberrima (Figura 2), com registros de cultivo há mais de 3 mil anos, numa região onde se situa atualmente a costa da Guiné, do Senegal à Libéria.

Figura 2 - Espécie Oryza glaberrima.

 

Ela é caracterizada por grãos de casca avermelhada e tamanho pequeno, macios e com tendência para quebra. Sua domesticação no continente africano teria ocorrido por volta do ano 1.500 a. C., na região do delta interior do rio Níger (Nigéria). O arroz nativo da África foi substituído por arroz asiático, trazido por mercadores árabes na era cristã.

Origem asiática e sua disseminação

Da Ásia surgiu a espécie Oryza sativa, disseminada primeiramente na Índia, nas províncias de Bengala, Assam e Mianmar, com diversas variedades cultivadas em solos de terras baixas, até mesmo de forma espontânea. Na época em que o homem se alimentava da caça e de pesca, os grãos de arroz eram recolhidos para o consumo. O arroz também era utilizado como oferenda em cerimônias religiosas. Da Índia, o consumo da teria se estendido para a China e a Pérsia, atual Irã, difundindo-se para o sul e leste, passando pelo Arquipélago Malaio e alcançando a Indonésia em torno de 1.500 a.C.

A cultura é muito antiga nas Filipinas. No Japão, foi introduzida pelos chineses por volta do ano 100 a.C. Nos países mediterrâneos, o arroz teria se tornado conhecido após ser trazido pelos árabes para região do Delta do Nilo, enquanto na Europa o indicativo é que ele tenha surgido através do contato entre povos da Macedônia e Índia.

Estudos mostram que a chegada da espécie à Espanha teria ocorrido através dos sarracenos – povo nômade pré-islâmico que habitava os desertos entre a Síria e a Arábia. Os espanhóis teriam levado o arroz para a Itália. Já os turcos teriam desenvolvido o cultivo de arroz no sudeste da Europa, nos séculos VII e VIII, ao tempo da entrada dos árabes na Península Ibérica.

A entrada do cereal na África Ocidental teria sido realizada pelos portugueses, cabendo aos espanhóis a introdução da cultura nas Américas. Na América do Norte o arroz teria sido cultivado pela primeira vez em 1694, no estado da Carolina.

A origem do arroz no Brasil e seu desenvolvimento

Segundo estudos de autores brasileiros, o desenvolvimento do arroz no Brasil teria ocorrido de forma espontânea, embora o País tenha sido o primeiro a cultivar o cereal no continente americano. Logo após o descobrimento do Brasil, Pedro Álvares Cabral teria retornado a Portugal com feixes de arroz colhidos no território brasileiro, chamados na época pelos tupis de “abatituaupé” ou “milho d´água”. Em meados do século XVI, os colonizadores portugueses passaram a cultivar arroz em terras secas brasileiras, ocupando áreas no Maranhão (1745), em Pernambuco (1750), no Pará (1772) e na Bahia (1857).

No Brasil, o cultivo de arroz assumiu uma importância social, econômica e política desde os tempos coloniais, pois era utilizado para a subsistência de colonizadores e escravos. Em 1766, a Coroa Portuguesa autorizou a instalação da primeira descascadora de arroz no País, no Rio de Janeiro, que estava isenta de impostos. Mais adiante, em 1781, os portugueses decidiram proibir a importação de arroz brasileiro, de modo a proteger sua produção local. Ao ser introduzido na alimentação do exército, favoreceu também seu cultivo em diferentes regiões do Brasil, embora em volumes limitados.

Somente a partir de 1808, com a abertura dos portos brasileiros por Dom João VI, é que o Brasil passou a receber maiores quantidades de arroz, contribuindo para modificar os hábitos alimentares da população da época. Ao longo dos anos a produção brasileira de arroz foi crescendo para atender as necessidades do público consumidor, de modo a reduzir sua dependência na importação.

 

 

José Luis da Silva Nunes

Eng. Agrº, Dr. em Fitotecnia

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