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Perda com veto russo chega a US$ 300 milhões


Passado mais de um mês que a Rússia vetou a entrada de carnes brasileiras, devido ao foco de aftosa no Amazonas, os exportadores começam a contabilizar os prejuízos. Acredita-se que, se o veto ao produto nacional se mantiver por três meses, como o governo russo havia sugerido, a perda ao Brasil será de US$ 300 milhões no período. Desde o dia 17 de setembro que a Rússia cancelou a entrada das carnes brasileiras produzidas a partir daquela data.

Espera-se para a próxima semana a apresentação do parecer do governo russo, dando esclarecimentos ao Brasil quanto ao veto. No último dia 11, uma missão comandada pelo vice-presidente da República, José Alencar, esteve no país para reverter a situação e entregar documentos brasileiros sobre a sanidade do rebanho e os diferentes circuitos pecuários.

Uma semana após anunciar o embargo, o governo russo autorizou que as cargas que estivessem a caminho pudessem entrar no país. Com isso, os frigoríficos tiveram o último mês para embarcar as carnes. Agora, segundo representantes do setor, a situação começa a se complicar, pois não podem mais ser enviadas mercadorias ao país. Levantamento das associações do setor mostra que, em setembro, as vendas externas de suínos e frangos haviam caído em comparação com o mês anterior. Em volume, os embarques de suínos se reduziram em 19,3% e os de frangos, 16,8%. A Rússia responde por 60% das exportações de suínos e 10% das de frangos. Para a carne bovina, houve estabilização das vendas nesse período.

No mercado, há quem acredite que o embargo cai nos próximos dias, pois a Rússia depende do Brasil para o seu abastecimento, mas há quem pense também que o veto pode perdurar por mais algum tempo, com a liberação apenas de alguns tipos de carnes.

"O prazo para a eliminação do foco é de 90 dias. Antes disso não será liberado", avalia Antenor Nogueira, presidente da Comissão Nacional de Pecuária de Corte da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA). O diretor do Departamento de Defesa Animal do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Jorge Caetano, diz que o governo está esperando o posicionamento das autoridades russas, sem definir datas.

"Apesar de ser um mercado importante, temos outras alternativas para o envio dos cortes", afirma Antônio Camardelli, diretor-executivo da Associação Brasileira da Indústria Exportadora de Carne (Abiec). Segundo ele, os embarques permitidos - 8 mil toneladas - estão se encerrando. Para os suínos, o Brasil também buscou outros mercados e, segundo o diretor-presidente da Associação Brasileira da Indústria Produtora e Exportadora de Carne Suína (Abipecs), Pedro Camargo Neto, nos próximos dias o setor poderá registrar prejuízos. "É o segmento com maior prejuízo, devido ao volume comprado pela Rússia", avalia Paulo Molinari, consultor da Safras & Mercado.

Para Cláudio Martins, diretor-executivo da Associação Brasileira dos Exportadores de Frango (Abef), o embargo deverá cair nos próximos dias, pois, segundo ele, os preços das carnes já estão em alta na Rússia.

Na avaliação de José Vicente Ferraz, analista da FNP Consultoria, se o veto persistir, poderá haver reflexo no mercado interno, uma vez que parte do produto não exportado ficará no País.

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