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Adubação foliar no tomateiro

Leia sobre aspectos da adubação foliar no tomateiro.



Foto: Canva

A adubação foliar é feita através da aplicação de nutrientes nas partes aéreas da planta, principalmente folhas, através da pulverização. Geralmente é utilizada para corrigir deficiências como complemento à adubação de solo. Esta absorção possui duas fases bem distintas: 

  • Absorção passiva: os íons / moléculas penetram na planta através de fenômenos físicos (difusão, trocas iônicas etc), sem que a planta tenha que gastar energia para absorver os nutrientes. Essa absorção ocorre em minutos;
  • Absorção ativa / metabólica: o íon / molécula penetra no simplasto e se movimenta com energia proveniente do metabolismo da planta (a planta gasta energia, principalmente da respiração, para absorver o nutriente). Essa absorção é mais devagar, ocorrendo em horas.

Quanto à velocidade de absorção de nutrientes via foliar, observe a tabela abaixo:

 

Tabela 1. Velocidade de absorção foliar de nutrientes.
Nutriente Tempo para absorver 50%
Ureia (N) 30 minutos a duas horas
Fósforo / Enxofre 5 a 10 dias
Potássio / Magnésio 10 a 24 horas
Cálcio 10 a 94 horas
Cloro 1 a 4 horas
Ferro / Molibdênio 10 a 20 horas
Manganês 1 a 2 horas
Zinco 1 a 2 dias

Fonte: Alvarenga, 2022.

 

Fatores que influenciam a absorção foliar de nutrientes no tomateiro

Para a adubação foliar ser eficaz, deve-se atentar à alguns fatores sobre a planta, nutriente, solução aplicada e fatores externos:

  • Planta:
    • composição química: quanto menor a quantidade de ceras, cutina e pilosidade nas folhas, melhor a absorção. Além disso, o grau de hidratação da folha tem grande importância para absorção de nutrientes, pois as cutículas bem hidratadas são mais permeáveis à solução, ao passo que cutículas desidratadas nas folhas murchas são bastante impermeáveis.
    • estrutura: quanto maior número de estômatos, melhor a absorção
    • idade: quanto mais novas as folhas, melhor a absorção. As folhas mais novas possuem maior atividade metabólica, consumindo mais rapidamente os nutrientes. 
    • posição da folha. A parte inferior da folha possui cutícula mais finas e maior número de estômatos, possuindo maior capacidade de absorção da solução.
    • estado nutricional da planta: plantas deficientes em um nutriente o absorvem mais rapidamente do que plantas sem deficiência nutricional
      Clique aqui para ler informações sobre a anatomia foliar.
  • Nutrientes: fatores como seletividade, mobilidade, absorção diferentes de cátions e ânions, antagonismo e inibição entre nutrientes, velocidades diferentes de absorção, metabolização e sinergismo iônico, concentração das soluções, composição da solução, pH da solução, surfactantes, reguladores de crescimento e forma química do nutriente;
  • Fatores externos:
    • Disponibilidade de água no solo: uma planta com boa disponibilidade de água no solo mantém as células túrgidas, favorecendo a penetração foliar dos nutrientes.
    • Luz: a luz favorece a translocação dos nutrientes. Quanto maior a luminosidade, maior a absorção
    • Temperatura: ideal para a aplicação é de 22ºC a 30ºC. Pulverizações pela manhã, onde há bastante umidade nas folhas favorecem a absorção do nutriente. Já ao meio dia em um dia quente, teremos menor absorção e possibilidade de queimar a folha, assim, deve-se evitar pulverizações entre as 10h e 16h durante o verão.
    • Ventos
    • Umidade atmosférica: a alta umidade atmosférica favorece a absorção foliar, pois mantém a cutícula hidratada, impedindo a evaporação do fertilizante. Os nutrientes geralmente são absorvidos quando as folhas estão molhadas.

 

Mobilidade dos nutrientes dentro do tomateiro

A eficiência da adubação foliar é bastante influenciada pela mobilidade do nutriente dentro da planta. A mobilidade do nutriente não possui relação com a velocidade de absorção do mesmo pela planta, mas os movimentos dos nutrientes dentro da planta, após a absorção foliar, variam muito entre si. Observe a tabela abaixo:

 

Tabela 1. Mobilidade dos nutrientes aplicados às folhas.
Altamente móveis Móveis Parcialmente móveis Imóveis
N P Zn B*
P Cl Cu Ca
K S MN  
Na Mg Fe  
    Mo  

*Acreditava-se que o boro era imóvel nas plantas. Porém, estudos recentes mostraram que o Boro é móvel no floema de algumas espécies que utilizam polióis como metabólito fotossintético primário, como maçã e ameixa. No caso do tomate, alguns experimentos já mostraram resultados semelhantes quanto à aplicação de boro via foliar ou via solo, quanto ao crescimento e produção de frutos, sugerindo que o boro foi translocado no floema do tomate.

 

Tipos de adubação foliar

Prevenção ou correção de deficiências nutricionais

A adubação foliar possibilita uma correção rápida e eficiente da deficiência de nutrientes. Porém, como o efeito é momentâneo, de curta duração, deve ser combinado com a adubação via solo. Em algumas culturas é comum a carência de micronutrientes, abrindo espaço para uma aplicação foliar preventiva, antes que a carência ocorra.

 

Adubação foliar substituta da adubação via solo

A adubação foliar como substituta da adubação via solo pode ser uma boa escolha no caso de micronutrientes. Porém, no caso de macronutrientes, a adubação foliar não consegue substituir a adubação via solo. Macronutrientes são exigidos em grandes quantidades e, quando aplicado nas folhas, podem queimar o tecido vegetal, além de ser necessário muitas aplicações, encarecendo muito o processo produtivo.

 

Adubação foliar estimulante ou suplementar

Alguns estudos apontam que pequenas quantidades de formulações NPK, aplicadas nas folhas, proporcionam aumento nas quantidades de nutrientes nas plantas, indicando um efeito estimulante da absorção foliar na absorção radicular.

 

Anderson Wolf Machado - Engenheiro Agrônomo

 

Referências:

ALVARENGA, M. A. R.; LOPES, G.; GUILHERME, L. R. G. Nutrição Mineral. In: ALVARENGA, M. A. R. Tomate: Produção em campo, casa de vegetação e hidroponia. 3. ed. Lavras, MG: [s. n.], 2022. cap. 5, p. 111-181.

SOCIEDADE BRASILEIRA DE CIÊNCIA DO SOLO. Manual de Adubação e de Calagem Para os Estados do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina. Porto Alegre: Sociedade Brasileira de Ciência do Solo, 2016.

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