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Custo de produção no tomate turorado

Custo de produção


Foto: Sheila Flores

Assim como na maioria das hortaliças, na cultura do tomate existe carência de informações acerca do custo de produção. Mesmo com a assistência técnica dispondo de tabelas de coeficientes técnicos e publicações sobre o assunto, ainda há escassez de estudos acurados do custo de produção. O que na prática se tem verificado é o aumento dos custos de produção em cada safra ao longo dos anos.

 

Levantar os custos de produção é uma atividade que requer diversas informações obtidas ao longo de vários anos. Acompanhar e documentar as operações e materiais utilizados com seus respectivos valores monetários (preço) é o primeiro passo para saber se a atividade é lucrativa e onde estão os problemas que requerem intervenção para sua execução. É preciso acabar com o mito de que o produtor, ao calcular todos os custos, desistirá da atividade. Apurar os custos de produção garante melhor gestão na tomaticultura, permitindo calcular a rentabilidade financeira (mensal) e a rentabilidade econômica (anual), ou seja, a taxa interna de retorno (TIR) que representa o lucro da atividade.

 

Para estruturar os custos de produção é necessário documentar, com anotações, notas fiscais e recibos em todas as etapas da produção do tomate. O fato de dedicar um tempo para registrar as atividades, tempo de execução e observações leva o produtor a detectar falhas e consertar o erro antes de que ele se torne um problema. O que a princípio pode ser visto como um “tempo” gasto, na prática é um gerenciamento de cada etapa do processo produtivo. E mais, pode ser feito junto à família e/ou aos colaboradores, dando transparência e visão ao processo. Saber o que e quanto foi gasto ou investido permite ter a coragem de investir ou desistir da atividade com base em dados reais. Quanto o produtor ganha ou perde é uma informação que pode mudar a forma de pensar e agir para valorizar o trabalho realizado.

 

Valores apurados mostram que a elevação dos custos de produção, maiores a cada safra, está relacionada ao elevado volume utilizado de adubos e fertilizantes, além da mão de obra. Diante desse quadro e de toda a tecnologia favorável, valorizamos e justificamos com números mais uma vantagem de produzir pelo Sistema de Produção Integrada de Tomate Tutorado (Sispit).

 

O Sispit permite identificar um sistema de produção que diminui os altos custos da lavoura, além de dispor de um produto alimentício que assegura qualidade e segurança.No Sispit são abordados aspectos referentes ao controle dos custos variáveis que, junto aos custos fixos, revelam a necessidade de se gerenciar a atividade, definindo assim os futuros investimentos possíveis na atividade. Não se tem a intenção de determinar um modelo de gerenciamento da atividade, mas de proporcionar subsídios para iniciar na prática da gestão da cultura.

 

 

Custo apurado

 

Para apurar o custo total de produção, além dos custos variáveis, é necessário calcular o custo fixo, representado pela depreciação das máquinas, implementos, equipamentos, utilitários, benfeitorias e ferramentas. Também devem ser acrescentados impostos e taxas, seguro e custo de oportunidade da terra, caso seja própria, ou valor do arrendamento – em ambos os casos o valor poderá ser o mesmo, levando em conta o valor local.

 

Nos dados apresentados na Tabela 26 observam-se os custos de produção de tomate no sistema convencional e no Sispit. Os dados do sistema convencional são da região de Caçador, SC, na safra 2011/12, levantados pela equipe de pesquisa do Cepea/Esalq, juntamente com os pesquisadores de Olericultura da Epagri/EECd, usando a metodologia de painel, onde técnicos, produtores e pesquisadores informam, em consenso, detalhes das estruturas típicas da região. Esse levantamento foi realizado para pequena escala de produção (média de 1,25ha por produtor). No sistema convencional os custos foram formados pelos custos fixos de implantação e manutenção das lavouras, pela depreciação de máquinas e implementos e pelo custo de oportunidade da terra. Esses dados levantados são referências e contribuições na apuração do risco da tomaticultura de mesa e servem de comparação ao levantamento dos custos de produção de cada produtor.

 

Os dados do Sispit (Tabela 26) foram coletados ao longo da safra 2011/12 no experimento piloto realizado na Estação Experimental de Caçador (Epagri/EECd), sendo registrados no Caderno de Campo com anotações diárias. Os dados refletem o uso de tecnologias desenvolvidas no Sispit, como plantio direto na palha, adubação baseada na análise do solo e na curva de absorção dos nutrientes durante o ciclo do tomate, orientação leste-oeste de plantio das fileiras, monitoramento de pragas e de doenças, resultando na diminuição do uso de agrotóxicos, no impacto ambiental e no aumento da produtividade e da rentabilidade.

 

Analisando os resultados da Tabela 26, comparado ao sistema convencional, o Sispit diminuiu os custos variáveis (insumos, serviços, mão de obra). Projetando o mesmo preço de venda, observa-se que no Sispit, mesmo com a menor produção de caixas, o retorno da atividade, além de ser positivo nessa safra, é superior ao sistema convencional, revertendo no lucro da produção.

 

Custo variável (CV): obtido pelos lançamentos e totalização da planilha de custo (insumos, equipamentos, diversos). Custo fixo (CF): depreciação, custo da terra, impostos e taxas. Custo Total (CT): CT= CV + CF. Preço de venda (PV): preço médio recebido pelos produtores durante a safra. Para o produtor é a soma de todas as vendas divididas pelo número de caixas vendidas. Produção (caixas) (P): número de caixas comercializadas. Renda bruta (RB): RB =PV x P. Preço de Custo (caixa) (PC): PC = CT/P. Lucro (R$/Caixas): L = PV – PC. Retorno da atividade (%): RA = ((RB/CT)-1)*100; Representa quanto de retorno econômico a atividade representa. Área: área, em hectare, utilizada para o cálculo.

 

Texto retirado do artigo: Sistema de produção integrada para o tomate tutorado em Santa Catarina

 

Veja na integra clicando aqui.

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