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O PIB de 2023 e o futuro


Argemiro Luís Brum

O PIB brasileiro de 2023 ficou em 2,9%, contra 3% no ano anterior, após revisão. O resultado ficou dentro das últimas expectativas do mercado já que no início do ano passado chegou-se a imaginar um resultado abaixo de 1%. Ou seja, a economia rodou bem melhor do que o esperado em 2023. E mais uma vez o resultado se deve à performance da agropecuária (+15,1%). Sem isso o PIB final teria sido bem menor. Ou seja, o crescimento da economia está concentrado em um setor, fato que não é sustentável. Mas, no curto prazo, não há dúvida que o resultado surpreendeu positivamente. Agora, existem sinais de preocupação já pensando em 2024. Dentre eles, o fato de que o quarto trimestre do ano passado registrou um PIB de 0%, repetindo o resultado do terceiro. Assim, nos últimos seis meses de 2023 a economia travou. Afinal, o efeito do setor primário aparece especialmente no primeiro semestre. Pode ser um sinal de que nossa economia esgotou a tração de recuperação que vem desde 2022, quando começamos a sair da crise gerada pela pandemia e dos efeitos iniciais da guerra Rússia x Ucrânia. Para confirmar este alerta temos que os investimentos (Formação Bruta de Capital Fixo) foram negativos em 3% no ano passado. Ora, os mesmos são indicativo do crescimento futuro. Mesmo que no último trimestre os investimentos tenham crescido 0,9%, ainda é cedo para cravar que esteja havendo uma reversão do quadro. O primeiro trimestre de 2024 nos dará uma fotografia melhor a respeito. Tanto é verdade que, em relação ao PIB, nossa taxa de investimento fechou o ano passado em apenas 16,5%, enquanto a taxa de poupança ficou em 15,4%. Abaixo do registrado em 2021 e 2022. E sem poupança não há investimento sustentável. E sem investimento não há crescimento adequado. Soma-se a isso a preocupação de que no corrente ano o setor agropecuário brasileiro não terá a mesma performance de 2023, pois a produção de grãos enfrenta problemas climáticos generalizados, devendo gerar menos volume total, ao mesmo tempo em que os preços médios dos produtos primários tendem a ser bem mais baixos. A grande aposta, para que o PIB futuro não recue tanto, está na manutenção da redução do juro básico (Selic). Entretanto, isso dependerá do comportamento da inflação nacional que, por enquanto, está sob controle, porém, exigindo muito cuidado.

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