Na contramão de outras regiões, produção de leite em Santa Catarina cresce 7,5% na última década
Santa Catarina tem se consolidado como um dos principais produtores

Santa Catarina tem se consolidado como um dos principais produtores de leite do país. Segundo dados da Pesquisa da Pecuária Municipal/IBGE, entre 2014 e 2023 o Estado passou de 2,983 bilhões para 3,206 bilhões de litros, um aumento de 7,5%, crescimento que não se repete em outras mesorregiões e microrregiões produtoras de leite. Nesse cenário, a região Oeste é responsável por quase 80% da produção catarinense, com destaque para cidades como Concórdia, Guaraciaba, Itapiranga e São João do Oeste.
Para o gerente do Centro de Pesquisa para Agricultura Familiar (Epagri/Cepaf), e presidente do Conselho Brasileiro de Qualidade do Leite (CBQL), Vagner Miranda Portes, diversos fatores contribuem para estes resultados. “No Oeste, temos um clima favorável e um parque industrial tecnológico apto para receber grandes volumes de produção. Além disso, aproximadamente 90% do leite produzido no Estado é proveniente da agricultura familiar, esta característica, somada ao cooperativismo, ao apoio dos laticínios, à infraestrutura técnica de órgãos como a Cidasc, que outorga um status sanitário diferenciado ao nosso Estado e a Epagri, sem dúvida, são fundamentais para estes índices”, afirma.
Vagner destaca o trabalho realizado pela Epagri, que atua nas áreas de pesquisa, extensão e educação, ajudando a encontrar soluções para o setor produtivo, difundindo conhecimento e novas tecnologias. “As políticas públicas disponibilizadas pela Secretaria da Agricultura e Pecuária de Santa Catarina (Sape), operacionalizadas pela Epagri, ajudam os produtores a incorporar novas tecnologias, melhorar suas estruturas e aperfeiçoar o sistema produtivo”, diz.
Para que os produtores obtenham mais renda e menos custos, a Epagri recomenda a criação de gado à base de pasto. Esse método de criação de bovinos de leite utiliza pastagens perenes de verão, como o Tifton 85 e o Amendoim-Forrageiro, com sobressemeadura de pastagens anuais de inverno. A alimentação dos animais é complementada com silagem em algumas épocas do ano, além da suplementação com ração.
Vagner explica que através desse método é possível oferecer aos animais um alimento mais barato, com alto valor nutricional, por um período maior de tempo. “Esse sistema oferece mais autonomia ao produtor, que passa a depender menos de insumos externos e mantém o poder de decisão em períodos de crise. Isso permite que ele preserve a rentabilidade mesmo em cenários adversos, ao contrário de outros modelos, nos quais o manejo se torna mais complexo”, avalia.
O médico-veterinário atribui ao modelo de produção à base de pasto um dos pilares do sucesso da produção leiteira em Santa Catarina. “A maioria dos sistemas produtivos do Estado utilizam esse sistema, o que nos leva a acreditar que ele é uma mola propulsora para a produtividade catarinense”.
Este sistema, que é uma das chaves do sucesso da produção leiteira catarinense, será tema do 2º Simpósio Catarinense de Pecuária de Leite à Base de Pasto, que acontece em Chapecó entre os dias 14 e 16 de outubro. O simpósio ocorre simultaneamente com o 14º Simpósio Brasil Sul de Bovinocultura de Leite (SBSBL), o 4º Fórum Brasil Sul de Bovinocultura de Corte e a 9ª Brasil Sul Milk Fair. O evento, realizado no Centro de Cultura e Eventos Plínio Arlindo de Nes, é organizado pelo Núcleo Oeste de Médicos Veterinários e Zootecnistas (Nucleovet) e pela Epagri.
Vagner Miranda Portes antecipa que “muitas novidades serão apresentadas”. Segundo ele, a Epagri vai divulgar o conhecimento produzido nesta área ao longo dos últimos anos. “Durante a programação científica serão apresentados os resultados das pesquisas desenvolvidas no Centro de Pesquisa para Agricultura Familiar. Os destaques são os novos cultivares de aveia, aplicados com sobressemeadura, o monitor de estresse térmico por calor, trabalho que está sendo desenvolvido em parceria com a Epagri/Ciram, além das pesquisas desenvolvidas nas demais unidades da Epagri”, declara.
Referência na promoção e circulação de conhecimentos sobre pecuária leiteira, o SBSBL trará a Chapecó palestrantes reconhecidos nacional e internacionalmente, além de estudantes, professores e pesquisadores que participarão da programação acadêmica.
As inscrições para o SBSBL, o 4º Fórum Brasil Sul de Bovinocultura de Corte e o 9ª Brasil Sul Milk Fair estão no terceiro lote. O investimento é de R$590,00 para profissionais e R$480,00 para estudantes. Este ingresso permite a participação no Simpósio, no Fórum Brasil Sul de Bovinocultura de Corte e na Milk Fair.
Para quem deseja participar apenas do 4º Fórum Brasil Sul de Bovinocultura de Corte e da 9ª Brasil Sul Milk Fair, o valor das inscrições é de R$220,00. O acesso apenas à feira Milk Fair é de R$100,00.
Grupos de profissionais de agroindústrias, órgãos públicos e universidades terão bonificações, a partir da compra coletiva de dez inscrições ou mais. Associados do Nucleovet terão condições diferenciadas na compra da sua inscrição.