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Entrevista: Ministra Tereza Cristina

A titular do MAPA fala sobre defensivos, internet, logística e financiamento, entre outros temas


O Portal Agrolink entrevistou com exclusividade a ministra Tereza Cristina. A titular do MAPA (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento) fala sobre metas, registro de agroquímicos, internet no campo, relações internacionais, logística, tabela de fretes e recursos para a safra, entre outros temas. Confira: 

Agrolink – Qual será o principal objetivo e meta de sua administração à frente do MAPA?

Tereza Cristina – Olha, não são poucas coisas a fazer, ainda mais que o ministério recebeu de volta a Pesca, a Agricultura Familiar, temos também o Incra e o Serviço de Florestas. Tenho tentado me dedicar a todos os assuntos com muita atenção. Já estamos dando importantes passos para implementar o autocontrole nos estabelecimentos, a fim de que cada um, embora fiscalizado, se responsabilize de fato pela qualidade do seu produto. Também estão adiantadas as negociações do Plano Agropecuário. E vamos avançando com estímulo às cooperativas, para que ampliem seu espaço na produção.

Agrolink – Como o Ministério pretende agilizar os registros de novos agroquímicos?

Tereza Cristina – Medidas desburocratizantes, informatização de sistemas, no âmbito dos três órgãos federais envolvidos têm possibilitado maior agilidade à análise. A adoção do Sistema Eletrônico de Informações (SEI) para gestão de documentos no âmbito do Governo Federal, a cessão de químicos da Embrapa ao Mapa, para trabalharem na avaliação de equivalência química de produtos genéricos, a reorganização da Gerência-Geral de Toxicologia na Anvisa, tudo isso contribui para dar qualidade e  maior produtividade a essa área. Nos três órgãos, incluindo o Ibama, têm sido observados ganhos de e?ciência, em virtude de gestão focada em resultados, melhorias em processos e rotinas.

Agrolink – Como pretende atuar no impasse sobre o satélite que vai levar internet banda larga para a zona rural?

Tereza Cristina – É um assunto do colega do Ministério de Ciência e Tecnologia, que espero que seja resolvido o mais rápido possível. Mas, como já disse, a solução independe de interferência da minha parte. Mas a minha defesa é que esse acesso seja expandido no campo o mais rápido, pois a agricultura que vivemos agora depende demais de informação e tecnologia. E essa também é uma condição para mantermos e atrairmos mais jovens para a área rural, porque essa geração é dependente da rede para trabalhar e manter-se atualizada. 

Agrolink – O herbicida 2,4-D tem sido o centro de uma controvérsia entre sojicultores e vitivinicultores vitimados pela deriva do produto no Rio Grande do Sul. Como o MAPA pode ajudar a solucionar essa disputa?

Tereza Cristina – O Ministério da Agricultura está à disposição das autoridades estaduais, mas até o momento não fomos demandados sobre isso. E o estado pode estabelecer restrições adicionais em relação às recomendações existentes, já que se criou um problema local e ao que parece está sendo necessário reforçar a assistência técnica aos produtores.

Agrolink – Que medidas pretende tomar diante da atual tabela de fretes?

Tereza Cristina – O Mapa não tem como adotar medidas em relação à tabela de fretes. Mas a minha avaliação nas discussões com o setor e  dentro do governo é de que a iniciativa privada não precisa de tabela em um cenário de livre mercado, como o brasileiro. "Não é o melhor instrumento melhor. Por isso, entendo que não existe tabela justa ou injusta.

Agrolink – Qual é o objetivo ao tirar recursos do custeio de safra e realocar no seguro rural?

Tereza Cristina – Quero ampliar o acesso ao seguro porque quando estão com a produção segurada, os produtores não perdem o sono e nem precisam pedir renegociação de dívida com o pires na mão. O seguro rural precisa ter alcance, ser amplo, democrático. Mas, quero que haja recursos para a produção também, por isso estou propondo que o percentual das aplicações das LCAs destinado a financiamentos do agro aumente dos atuais 30% para 50%. E também acredito que as cooperativas possam aumentar a sua participação no crédito agrícola.

Agrolink – O que pode ser feito pelo lado do MAPA para melhorar a logística e escoamento de safra?

Tereza Cristina – Em relação à estocagem, o Plano safra vem aumentando os recursos para a construção de armazéns privados e quanto ao escoamento temos feito gestões junto a ministérios como o do Transporte que junto com a  Defesa vem adotando medidas mais urgentes como garantir o escoamento pelo Norte do país, para evitar que caminhões atolem como já aconteceu na Rodovia 163. Essa rodovia é o eixo principal por onde passa grande parte da produção exportada pelos portos da região.

Além disso, deverão ser renovadas concessões de ferrovias e há previsão de realizar leilões de concessão da Ferrogrão, fundamental para a produção, e a Fiol, também conhecida como Ferrovia Oeste-Leste.

Agrolink – Qual sua posição sobre a compra de terras por estrangeiros?

Tereza Cristina – Bem, esse assunto está com o Congresso Nacional e envolve questões sensíveis como de segurança nacional. Mas alguma flexibilização gradual permitiria investimentos estrangeiros no país. O debate envolve interesses muitos distintos e, por isso, ainda tramita com dificuldade no parlamento.

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