Fertilizante de nitrato sintético pode poluir por décadas, alerta estudo
Legado de poluição persistiria no solo e na água subterrânea
Uma pesquisa conduzida por cientistas na França colocou em alerta os produtores ao apontar que a utilização de fertilizantes de nitrato sintético podem deixar um legado de poluição que persiste por décadas no solo e na água subterrânea. O estudo foi publicado na revista PNAS, da Academia Nacional de Ciências dos EUA.
“Os fertilizantes são de importância fundamental na agricultura moderna, mas a destinação no longo prazo de fertilizantes derivados do nitrogênio no sistema ‘solo-planta-água não’ é totalmente compreendido. Este estudo revelou que três décadas após a aplicação em solos agrícolas (em 1982), entre 12% a 15% dos fertilizantes ainda persistiam na matéria orgânica do solo, enquanto outros 8% a 12% tinha escoado para o lençol freático”, apontou o sumário da PNAS.
De acordo com a pesquisa, “parte desse adubo restante que ainda persistia no solo pode ser absorvido pelas culturas ou vazar para o lençol freático por pelo menos mais cinco décadas – muito mais do que se pensava anteriormente”. O Nitrato em excesso no meio ambiente tem sido vinculado à água potável contaminada e pode causar o rápido crescimento de algas que comprometem ecossistemas e vida marinha costeira.
A equipe, que reuniu cientistas franceses e canadenses, se concentrou em um campo na França onde foram cultivados trigo e beterraba. Os especialistas registraram entre 61% a 65% de absorção pelas plantas. De acordo com os autores, os esforços de recuperação do solo e da água “precisam levar em conta o atraso resultante de legados de aplicações passadas de fertilizantes sintéticos em sistemas agrícolas e a capacidade de retenção de azoto de solos”.
O estudo foi conduzido pelos pesquisadores Mathieu Sebiloa, Bernhard Mayerb, Bernard Nicolardotc, Gilles Pinayd e André Mariottia.