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Cobre - tudo o que você precisa saber sobre este adubo

O cobre é um micronutriente essencial para as plantas, servindo tanto para nutriente quanto para proteção das plantas contra doenças.



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Introdução sobre o cobre
O cobre no solo
O cobre nas plantas

      - Sintomas de deficiência de cobre
      - Sintomas de excesso / toxicidade de cobre
      - Teor de cobre nas culturas
Adubação com cobre
O cobre nas culturas

      - O cobre no café
      - O cobre no milho
      - O cobre no citros
      - O cobre na soja
 

 

Introdução

O cobre é um micronutriente essencial para as plantas, servindo tanto para nutriente quanto para proteção das plantas contra doenças. A maior parte deste nutriente encontrado no solo está complexado outros compostos orgânicos, estando indisponível para as plantas. Quando absorvido, assim como no solo, este nutriente possui pouca mobilidade na planta, mas proporciona maior resistência à doenças e aumento do crescimento da planta.

 

O cobre no solo

O cobre, assim como o zinco, geralmente não se encontra em quantidades suficientes no solo. Geralmente os solos possuem um teor médio de cobre que varia entre 10 e 80 mg/kg, porém, grande parte do cobre encontrado no solo não está disponível para as plantas por diversos fatores:

  • Matéria orgânica: dentre todos os micronutrientes, o cobre é o que mais se liga à matéria orgânica. Quando ocorre deficiência de cobre nas plantas, geralmente estas se encontram em solos ricos em húmus ou com mais do que 8% de matéria orgânica.
  • pH do solo: os nutrientes possuem sua disponibilidade regulada pelo pH do solo, e no cobre isso não é diferente. Quanto maior o valor de pH do solo, menor a disponibilidade de cobre.
  • Textura do solo: solos argilosos retêm mais cobre na forma disponível para as plantas do que solos arenosos. Plantas que crescem em solos de textura arenosa possuem maior chance de apresentar deficiência de cobre do que em solos médios ou argilosos, pois em solos arenosos o cobre tende a ser lixiviado.
  • Interação com outros nutrientes: quando os solos possuem altas concentrações de zinco, alumínio, ferro e fósforo, pode ocorrer diminuição da absorção de cobre pelas raízes, podendo causar deficiência do nutriente na planta. Além disso, os sintomas de deficiência podem ser agravados na planta quando há altos níveis de nitrogênio.

A frequente aplicação de fungicidas cúpricos no solo pode aumentar a quantidade de formas solúveis do nutriente no solo, podendo causar toxidez às plantas, bem como poluição ambiental (Uribe & Stark, 1982). Já sobre a carência do nutriente no solo, os estados que mais possuem ocorrência são Minas Gerais, São Paulo e Pernambuco.

 

O cobre nas plantas

A concentração normal de cobre nas plantas varia entre 5 e 20 ppm, e é absorvido pelas raízes, principalmente através de fluxo de massa, na forma de Cu2+. O nutriente é responsável por diversas funções na planta, como a fotossíntese, participação em enzimas, proteínas e carboidratos, fixação do nitrogênio, reprodução das plantas, resistência à seca e doenças, lignificação da parede celular etc.

Confira abaixo as enzimas dependentes de cobre, e em quais culturas estas enzimas possuem maior importância (Hewitt & Smith, 1975):

  • Polifenol oxidase, catecolase: Batata, banana, fumo, chá, café...
  • Cresolase, tirosinase: batata e cogumelo
  • Lacase: batata e cogumelo
  • Diamino oxidase: leguminosas
  • Plastocianina: plantas superiores e fotossintéticas

Existem culturas que apresentam maior necessidade de cobre para a produção, outras necessitam menos, confira a tabela abaixo:

Tabela 1. Sensibilidade das culturas à deficiência de cobre.
Alta Média Baixa
Alface Abacaxi Aspargo
Alfafa Aipo Batata
Alpiste Beterraba açucareira Canola
Arroz Brócolis Centeio
Aveia Cevada Colza
Beterraba de mesa Cheróvia Ervilha
Capim sudão Couve-flor Feijão
Cebola Maçã Grama para jardim
Cenoura Milho Gramíneas forrageiras
Citros Mirtilo Hortelã-pimenta
Espinafre Morango Hortelã-verde
Linho Nabo Pinheiro
Trigo Pepino Soja
  Rabanete Tremoço
  Rabo-de-gato Uva
  Repolho  
  Sorgo  
  Tomate  

Fonte: Havlin et al. (2014) e Marschner (1995).

 

Sintomas de deficiência de cobre

Como o cobre é imóvel na planta, os sintomas de deficiência aparecem primeiro em folhas jovens, e estes variam com a cultura, mas, geralmente se manifestam da seguinte forma:

  • Folhas jovens tornam-se murchas, enroladas e quebradiças (imagem abaixo);

    Foto: Internacional Plant Nutrition Institute
     
  • Clorose nas folhas, tornando-as amareladas;
  • Inclinação de pecíolos e talos para baixo;
  • Abortamento de flores, espigas pouco granadas.
  • Em algumas culturas, como o café, as plantas podem apresentar elevação de nervuras secundárias, fazendo com que a nervura central adquira formato de S, conforme a imagem (clique aqui).

 

Sintomas de excesso / toxicidade de cobre

A toxicidade causada por excesso de cobre também pode ocorrer em um cultivo. Geralmente é causada por frequentes aplicações de estercos, biossólidos ou pesticidas cúpricos. Quando ocorre o excesso de cobre nas plantas, os sintomas de deficiência se manifestam da seguinte forma:

  • Menor vigor de brotações;
  • Raízes pouco desenvolvidas e descoloridas, que apresentam dificuldade para absorver água e nutrientes, causando lentidão no desenvolvimento das plantas, podendo levar até à morte dos tecidos;
  • Queima, necrose e deformação foliar;
  • Fendilhamento no tronco, com posterior extravasamento de seiva;
  • Menor absorção de fósforo;
  • Deficiência de ferro.

Em caso de excesso de cobre no solo, a correção da acidez com calcário pode reduzir a disponibilidade do íon cobre através do aumento de pH. Também pode ser feita a adição de matéria orgânica para reduzir a toxidez. O nitrogênio também possui importante papel, pois ao favorecer o crescimento da planta, ocorre a diluição da concentração de cobre nos tecidos. Já o suprimento de fósforo no solo pode melhorar a estrutura das raízes, diminuindo a entrada do cobre e reduzindo os danos causados pelo acúmulo do nutriente.

 

Teor de cobre nas culturas

Na tabela abaixo podemos observar o teor de cobre considerado adequado para a produtividade em algumas culturas agrícolas:

Tabela 2. Teor de cobre adequado para algumas culturas (Malavolta, 1989).
Cultura Teor de Cu (mg/kg)
Algodão 30 - 40
Café 50 - 60
Cana-de-açúcar 08 - 10
Citros 05 - 16
Milho 06 - 20
Soja 10 - 30

 

Adubação com cobre

As adubações com cobre geralmente são feitas com sulfeto, porém, outros produtos podem ser utilizados, conforme a tabela abaixo:

Tabela 3. Fertilizantes com cobre (IN nº 39, 2018)
Produto Teor mínimo de cobre (%) Observação
Acetato de cobre 23% de Cu Cobre solúvel em água
Carbonato de cobre 48% de Cu Cobre teor total
Cloreto cúprico 20% de Cu Cobre solúvel em água
Formiato de Cobre 35% de Cu Cobre solúvel em água
Fosfato Cúprico Amoniacal 32% de Cu, 34% de P2O5, 5% de N Nitrogênio e cobre teores totais. P2O5 solúvel em citrato neutro de amônio mais água
Fosfito de Cobre 3% de Cu Cobre solúvel em água
Nitrato de Cobre 22% de Cu, 9% de N Cobre solúvel em água
Óxido Cúprico 70% de Cu Cobre teor total
Óxido Cuproso 80% de Cu Cobre teor total
Quelato de Cobre 5% de Cu  
Sulfato de Cobre 24% de Cu, 11% de S Cobre teor solúvel em água

Além das fontes citadas na tabela acima, existem outras fontes como esterco bovino ou de aves e biossólidos. As doses a serem aplicadas dependem de diversos fatores como a fonte de cobre, necessidade da cultura, textura e ph do solo etc. As doses podem oscilar entre 3 e 15 kg/ha de sulfato de cobre ou 0,5 kg/ha na forma de quelato, quando aplicadas no solo, já em aplicações foliares as doses são bem menores. Estes valores não são recomendações, sendo necessária a avaliação de um engenheiro agrônomo para se obter uma recomendação adequada.

Como o cobre fica bastante retido no solo, uma aplicação pode liberar gradualmente o nutriente por vários anos. Já em situações emergenciais com necessidade imediata do nutriente, como por exemplo a deficiência identificada após o plantio, a aplicação pode ser feita via foliar.

Caso a aplicação seja feita no solo, geralmente o fertilizante com cobre é posicionado perto da zona radicular ou em faixas perto das sementes na linha de plantio, sempre evitando altas doses próximas à planta para evitar danos às raízes por fitotoxicidade.

 

O cobre nas culturas

O cobre no café

O cobre atua na enzima polifenoloxidase, que é essencial para a qualidade dos grãos de café. Além disso, fungicidas com cobre são utilizados no manejo de doenças como ferrugem, cercosporiose e mancha aureolada, além da ação nutricional. Quando ocorre deficiência de cobre na cultura, as plantas podem apresentar elevação de nervuras secundárias, fazendo com que a nervura central adquira formato de S (ou de "costela"), conforme a imagem abaixo:


Foto: Yara Brasil

Outro sintoma evidente no café é caule com aspecto de cortiça, e o curvamento para baixo dos pecíolos e talos das folhas ("orelha de zebu"), conforme imagem abaixo:


Foto: Yara Brasil

Já a toxidez de cobre no cafeeiro, esta ocorre quando ocorrem teores foliares acima de 30 mg/kg (lavar as folhas para não haver resíduos de fungicídas cúpricos).

Geralmente, quando é adotado o controle foliar da ferrugem e cercosporiose com fungicidas cúpricos, o suprimento do nutriente acaba sendo satisfatório para as necessidades nutricionais do cafeeiro. Outros efeitos benéficos são o seu papel na síntese de lignina (resistência a doenças), redução da esterilidade do grão de pólen e o efeito tônico (maturação uniforme dos frutos).

Em casos de necessidade de aplicação de cobre, este geralmente é aplicado em formulas com macronutrientes. Quando utilizado produtos minerais como óxidos ou sais, utiliza-se doses que oscilam entre 3,3 a 14,5 kg/ha para aplicação a lanço, 1 a 4 kg/ha para aplicação localizada ou, no caso de aplicação foliar, a dose oscila entre 0,3 a 4 kg/ha. Para se obter os valores adequados, deve-se consultar um engenheiro agrônomo para avaliar o cenário em questão. Já quando a aplicação é feita na forma de quelatos, as doses são menores (Soares, 2008).

 

O cobre no milho

Assim como os outros nutrientes, o cobre é essencial para que o milho complete o seu ciclo de vida, e pode perder produtividade se não houver quantidade suficiente disponível do nutriente. Conforme Malavolta et al. (1997), o teor adequado de cobre na parte aérea do milho é de 6 a 20 mg/kg.

A deficiência de cobre no milho faz com que as folhas jovens fiquem amarelas e atrofiadas, e com o avanço da doença, as folhas podem ficar com cor castanha nas margens. Além disso, pode ocorrer aumento de doenças como fusariose, mal-do-pé e ergotismo. Também pode ocorrer escurecimento da espiga, encurvamento do caule na maturidade e grãos enrugados.

 

O cobre no citros

Além do seu efeito nutricional, o cobre também atua na proteção contra doenças no citros. O nutriente é bastante utilizado para conter a disseminação do cancro cítrico. Em algumas regiões, é comum o uso de aplicações de 30 kg/ha de cobre metálico ao ano, porém, algumas pesquisas apontam que a dose necessária pode ser menor do que 10 kg com um manejo adequado.

Como os defensivos com cobre apresentam bom custo-benefício, a tendência é de sucessivas aplicações ao longo do ano, podendo resultar em uma quantidade excessiva de cobre no solo, que demora a se manifestar. Quando isto acontece, as plantas podem apresentar fendilhamento no tronco, extravasamento de seiva (imagem abaixo) e seca de folhas e ramos, além de danos ao sistema radicular que se manifestam na parte aérea, reduzindo a produtividade.


Deficiência de cobre em citros, com extravasamento da seiva.
Foto: Yara Brasil

Alguns estudos apontam que o teor adequado de cobre no solo para a cultura do citros se situa entre 2,0 e 5,0 mg/dm³ (extraído em DTPA). Já para o teor do nutriente na folha, Quaggio et al. (2018) concluiu que a faixa adequada de cobre para limões e lima ácida Tahiti se situa entre 10 e 20 g/kg

 

O cobre na soja

Conforme Cakmak (2000), a deficiência de cobre afeta grãos, sementes e frutos mais do que o crescimento vegetativo. Além das diversas funções do cobre citadas anteriormente, o cobre atua em uma função essencial na produtividade da soja: a fixação simbiótica de nitrogênio (Malavolta et al., 1997). Acredita-se que o cobre proporciona maior retenção de ferro nos nódulos e menor transporte para a parte aérea das plantas, aumentando a produção de leghemoglobina e favorecendo a fixação do nitrogênio. Quando ocorre deficiência de cobre, ocorre menor nodulação (Cancian, 2018).

Os sintomas de deficiência de cobre na soja se apresentam como descolorações irregulares amareladas, que se iniciam a partir das nervuras que permanecem verdes, ocorrendo em folíolos e folhas novas (imagem abaixo). A planta possui o crescimento reduzido, e pode adquirir uma cor acinzentada ou azulada.


Foto: Yara Brasil

 

O teor de cobre considerado suficiente para a soja na análise foliar oscila entre 21 e 55 ppm (Sfredo et al., 1986). 

 

 

Anderson Wolf Machado - Engenheiro Agrônomo

 

Referências:

CAKMAK, I. Possible roles of zinc in protecting plant cells from damage by reactive oxygen species. New Phytologist, Cambridge, v. 146, p. 185-205, 2000.

CANCIAN, Mateus. Aplicação de cobre na cultura da soja em solos com altos teores de fósforo. Orientador: Dr. Carlos Alberto Ceretta. 2018. Dissertação (Mestre em Ciência do Solo) - Universidade Federal de Santa Maria, Santa Maria, RS, 2018.

CASALI, C. A. et al. Formas e dessorção de cobre em solos cultivados com videira na Serra Gaúcha do Rio Grande do Sul. Revista Brasileira de Ciência do Solo [online]. 2008, v. 32, n. 4 , pp. 1479-1487. . Epub 16 Out 2008. ISSN 1806-9657. https://doi.org/10.1590/S0100-06832008000400012.

HAVLIN, J. L.; TISDALE, S. L.; NELSON, W. L.; BEATON, J. D. Soil fertility and fertilizers: an introduction to nutriente management. 8. ed. Upper Saddle River: Prentice Hall, 2014

INTERNATIONAL PLANT NUTRITION INSTITUTE. Nutri-Fatos. Cobre, Piracicaba, SP, ed. 10.

HEWITT, E. J., and T. A. Smith (1975), Plant Mineral Nutrition, Eng. Univ. Press, London.

LEITE, Uberlando Tiburtino; AQUINO, Boanerges Freire de; ROCHA, Raimundo Nonato Carvalho; SILVA, Jaeveson da. Níveis críticos foliares de boro, cobre, manganês e zinco em milho. Biosci. J., Uberlândia, p. 115-125, 27 nov. 2002.

MALAVOLTA, E. ABC da adubação. 5 ed. São Paulo: Ceres, 1989, 294p.

MALAVOLTA, E.; VITTI, G.C. & OLIVEIRA, S.A. Avaliação do estado nutricional das plantas - Princípios e aplicações. 2.ed. Piracicaba, POTAFOS, 1997. 319p.

MARSCHNER, R. Mineral nutrition of higher plants. 2. ed. San Diego: Academic Press, 1995.

SOARES, Joedson Corrêa. TEORES DE FERRO, MANGANÊS E COBRE NO CAFEEIRO RECEPADO EM FUNÇÃO DE DIFERENTES DOSES DE P2O5. Orientador: Dr. Marcelo Bregagnoli. 2008. Trabalho de Conclusão de Curso (Tecnologo em Cafeicultura) - Escola Agrotécnica Federal de Muzambinho, Muzambinho, MG, 2008.

SFREDO, G.J.; LANTMANN, A.F.; CAMPO, R.J.; BORKERT, C.M. Soja, nutrição mineral, adubação e calagem. Londrina: EMBRAPA-CNPSo, 1986. 51p. (EMBRAPA-CNPSo. Documentos, 64)

URIBE, E.G. & STARK, B. Inhibition of photosynthetic energy conversion by cupric ion. Plant Physiol., 69:1040-1045, 1982.

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