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Argentina reabre exportação de carne, ‘pero no mucho’

Cortes mais populares para os argentinos não poderão ser vendidos ao exterior


Foto: Pixabay

O governo da Argentina anunciou nesta terça-feira a reabertura das exportações de carne bovina, após um mês de cerceamento das atividades. No entanto, o fim do ‘lockdown da vaca’ será parcial, com restrições visando “garantir o abastecimento interno a preços razoáveis”, justificam.

Após encontro de representantes do setor pecuário, frigoríficos e exportadores com o presidente argentino, Alberto Fernández, as exportações serão restauradas, “pero no mucho”. Até o final deste ano os cortes mais populares para os argentinos não poderão ser vendidos ao exterior, nem serão feitos embarques até 31 de agosto que superem 50% da média das exportações do ano passado.

Além disso, foi renovado um acordo de preços controlados para a venda dos onze cortes mais populares em supermercados. O novo decreto presidencial foi anunciado pelos ministros do Desenvolvimento Produtivo, Matías Kulfas, e da Agricultura, Luis Basterra. 

David Miazzo, Economista-Chefe da Fundação FADA (Fundación Agropecuaria para el Desarrollo de Argentina), fez os cálculos sobre a decisão. “Com o anúncio de ontem, 42% do volume das exportações (de carnes) está fechado e 58% aberto. Em dólares significa que, de uma exportação de US$ 250 milhões por mês, cerca de US $ 100 milhões por mês serão perdidos, o que equivale a US$ 1,2 bilhão por ano”, explicou.

Ao mesmo tempo, Miazzo alerta que o fechamento das exportações de carnes não resolve a inflação: “A carne não é a única coisa que sobe. A inflação tem mais a ver com emissão e confiança do que com carne. O fechamento das exportações não para a carne preços e o antecedente é o que aconteceu entre 2006 e 2012”, aponta ele.

Além disso, ressalta o economista, o fechamento das exportações não desacelera os preços das carnes, pois provoca queda na produção. Vale lembrar que o problema da carne não é de oferta, mas de acesso: “Produzimos 3,2 milhões de toneladas de carne bovina mais 3 milhões de toneladas de frango e suíno. A Argentina está no pódio dos maiores consumidores per capita”.

Segundo ele, o problema também não é de preço, é de poder de compra. “Temos carne mais barata que em outros países, mas perdemos poder de compra. Houve queda de 20% do salário real nos últimos três anos. O problema da carne sai de cima, com maior produção, solução que aumenta a oferta local de carnes e as exportações. Um aumento da produção que gera mais emprego, atividade econômica, investimentos e divisas”, finaliza Miazzo.

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